ESG nas empresas: como trabalhar Inovação Social e Ambiental

em 26 June, 2023


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Artigo de César Costa.

Um estudo realizado pela agência de pesquisa norte-americana Union + Webster, e divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), apontou que 87% da população brasileira prefere comprar produtos e serviços de negócios sustentáveis e 70% dos entrevistados disse que não se importa em pagar um pouco mais por isso.

Em uma empresa, desenvolver estratégias para ampliar sua sustentabilidade e longevidade passam pela integração do ESG no cerne das tomadas de decisão, sendo a inovação uma ferramenta indispensável nesse processo.

Neste artigo, abordaremos as principais dificuldades, assim como as oportunidades dentro de um mercado cada vez mais orientado para a sustentabilidade e responsabilidade corporativa.

Começar pelas lideranças

É muito difícil que uma empresa consiga levar adiante ações de inovação e sustentabilidade sem que as lideranças estejam verdadeiramente engajadas com esta temática, desde o conselho até o porteiro. Portanto, é importante que as pessoas em altos níveis hierárquicos comprem a ideia e a transmitam às demais pessoas e áreas da companhia, servindo como exemplo de mentalidade e atitude.

Além disso, as lideranças serão as responsáveis finais pelas boas práticas de governança da empresa. Por isso, é fundamental que tenham o conhecimento, o engajamento necessário e a capacidade para lidar com este tema.

As situações de greenwashing, goodwashing e até mesmo o teatro da inovação, cada vez mais serão punidas não só por órgãos competentes, mas pelo mercado (clientes, investidores, colaboradores) e pela sociedade. Sendo assim, uma vez as organizações serem reflexo de suas lideranças, estas deverão não só compreender o que a sigla significa, mas adotá-la de ponta a ponta nas atitudes da empresa.

Vencedora não será aquela que professe uma ostentação vazia, mas a que alcance a efetividade discreta. Ou seja, não adianta varrer sujeira para baixo do tapete ou enfeitar o pavão, e sim apresentar resultados efetivos baseados em dados e compromissos sérios com desafios que a organização ainda possui.

Olhar para os processos

Não necessariamente a inovação voltada ao ESG será em novos produtos e serviços. Na maioria dos casos, os ganhos em ESG vêm de melhorias nos processos produtivos. Reduções na utilização de insumos como energia e água, otimização de rotas logísticas que permitam economias de combustível, melhorias de processo que reduzam desperdícios, entre outros pontos.

Inovações nestas áreas são importantíssimas e não devem ser ignoradas, até porque trazem ganhos financeiros significativos.

Estas inovações, muitas vezes, serão propostas por pessoas de dentro da própria empresa. E uma ótima maneira de fomentar isso é com programas de intraempreendedorismo dirigidos pelo tema em questão. Desta maneira, é possível alavancar os talentos internos da empresa ao mesmo tempo em que se aprofunda a cultura de inovação e sustentabilidade.

Mensurar cada vez melhor

Por fim, cada organização tem as suas particularidades, os seus impactos e os seus indicadores. Quando se trata de inovar para tornar-se mais sustentável, é preciso entender profundamente os inputs e outputs, para identificar as principais oportunidades de redução de impactos socioambientais negativos e custos financeiros.

Uma das maiores dificuldades de investidores especializados em ESG é justamente a credibilidade e a não padronização dos indicadores apresentados pelas empresas. Portanto, investir tempo para construir bons indicadores e mensurá-los de forma consistente poderá ser um grande diferencial na hora de buscar este tipo de investimento.

A adoção de uma abordagem de ESG e uma cultura de inovação sustentável podem trazer ganhos financeiros significativos para as empresas. É fundamental, para isso, que todos as todas estejam alinhados com o tema: entendendo os impactos específicos do negócio, a fim de identificar oportunidades de redução de efeitos socioambientais e custos financeiros, assim como os investimentos necessários na construção de indicadores confiáveis e padronizados para inovar de forma sustentável.

Ao adotar essas medidas, as empresas estarão preparadas para demonstrar a sua intencionalidade frente ao seu propósito, melhorar a sua imagem junto aos clientes, colaboradores e investidores, e adotar práticas mais sustentáveis, uma vez que podem apresentar dados concretos sobre o seu desempenho, tomar decisões mais assertivas/pautadas em evidências e, assim, potencializar seu impacto, se destacando em um mercado cada vez mais orientado para a sustentabilidade e responsabilidade corporativa.

César Costa, sócio e diretor da Semente Negócios. Administrador pela UFRGS, Mestre em Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade pelo PPGA/UFRGS. Estudou management na Lund University, Strategic Management & International Business na University of La Verne, e Disruptive Strategy na Harvard Business School.




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