Água do Rio Paraopeba apresenta risco à saúde pública, segundo o governo de Minas Gerais
Da Redação em 31 January, 2019
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As secretarias estaduais de Saúde, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais informaram que a água do Rio Paraopeba apresenta riscos à saúde humana e animal. As informações são da Agência Brasil.
Os resultados iniciais do monitoramento feito pelo governo mineiro, após o rompimento da Barragem B1, Mina do Feijão, em Brumadinho, mostra os riscos. Com isso, por questão de segurança, até que a situação seja normalizada, as pastas não recomendam a utilização da água bruta do Rio Paraopeba para qualquer finalidade.
Embora o contato eventual com a água não cause risco de morte, as secretarias alertam que deve ser respeitada uma área de 100 metros das margens. Os bombeiros, que têm trabalhado em contato mais direto com o solo, conforme a Secretaria de Saúde, precisam utilizar todos os equipamentos de segurança.
O governo de Minas recomendou ainda que qualquer pessoa que tenha tido contato com a água bruta do Rio Paraopeba, depois da chegada da pluma de rejeitos, ou ingerido alimentos que também tiveram esse contato, e apresentar náuseas, vômitos, coceira, diarreia, tonteira ou outros sintomas deve procurar a unidade de saúde mais próxima, de acordo com a Agência Brasil.
Riscos à saúde e prevenção
Rogério Aparecido Machado, doutor em Saúde Pública pela USP e professor de Química da Universidade Presbiteriana Mackenzie, aponta os riscos na utilização do solo, no consumo de água e na proliferação de vírus na cidade mineira.
“A poluição da água do Paraopeba sofrerá os mesmos efeitos que o rio Doce, prejudicado após o rompimento da barragem em Mariana (MG). A vida aquática e a flora que margeiam o Paraopeba poderão ficar contaminadas por metais. Os lençóis freáticos devem ser comprometidos devido à água da chuva que pode permear e solubilizar os metais para o lençol. Para agravar ainda mais o quadro, a poluição do solo poderá acarretar prejuízos sérios para o abastecimento local, pois, onde há lama com metais em excesso, a agricultura é inviável”, aponta o professor.
Para tentar amenizar os riscos, o especialista recomenda que deve haver uma política de saúde pública preventiva, como a vacinação das pessoas que tiveram contato direto com a lama, ou seja, pessoas que literalmente foram resgatadas ou de outra forma entraram na lama. Posteriormente, sugere-se que os órgãos oficiais organizem um processo de vacinação com as pessoas que estiveram próximas à lama.
O intuito é preventivo de saúde pública, e não alarmista, pois não devemos descartar todo e qualquer risco de contaminação, por menor e ínfimo que seja, haja vista que a área contaminada pela lama é extensa, e praticamente ninguém pode afirmar o que esta lama aglomerou por onde passou. “A lama seca poderá gerar a poluição do ar com poeira e acarretar malefícios à saúde da população se não forem tomadas atitudes que minimizem esta poluição, por exemplo”, conclui o especialista.
A tragédia ocorrida em Brumadinho ainda deverá gerar consequências extremamente irreparáveis ao meio ambiente e para a saúde pública dos cidadãos que vivem na região.