Grupo norueguês reconhece que contaminou rio brasileiro
Da Redação em 20 March, 2018
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No mesmo período em que o Brasil recebe o 8º Fórum Mundial da Água, no qual se discute a necessidade, importância e preservação das águas doces, uma empresa de lucros vultosos, delicadamente admite por meio de comunicado, depois de muito negar, que cometeu crime ambiental poluindo nossos rios e igarapés. A desculpa veio tarde, agora que venha a imediata recomposição por todo o dano ambiental efetivado pelo grupo.
A empresa Norsk Hydro possui uma unidade no oeste da Alemanha, em Gevenbrichh, e duvidamos que ela seja capaz de poluir o país de Angela Merkel.
Enfim, o grupo norueguês Norsk Hydro reconheceu, nesta segunda-feira (19/03), que sua fábrica brasileira de alumínio Hydro Alunorte, a maior do mundo, verteu água não tratada no rio Pará, de acordo com informações da AFP.
“Vertemos água de chuva e de superfície não tratada no rio Pará”, afirmou o CEO da empresa, Svein Richard Brandtzaeg, em um comunicado.
“É totalmente inaceitável e rompe com o que a Hydro representa. Em nome da empresa me desculpo pessoalmente com as comunidades, as autoridades e a sociedade”, completou.
As autoridades brasileiras suspeitam de que a empresa tenha contaminado a água no município de Barcarena, onde se encontra a fábrica, com resíduos de bauxita que teriam transbordado do depósito da fábrica após as fortes chuvas de 16 e 17 de fevereiro.
O grupo norueguês recebeu duas multas de R$ 10 milhões cada, totalizando R$ 20 milhões, a primeira por “atividades potencialmente contaminantes sem licença ambiental válida”, e a segunda, por “operar uma tubulação de drenagem também sem licença”.
Um juiz do estado do Pará também obrigou a empresa a reduzir em 50% a produção de sua fábrica de alumínio.
De acordo com o Instituto Evandro Chagas, a “lama vermelha” registrada após as chuvas pode representar riscos para pescadores e outras comunidades próximas à fábrica, com níveis elevados de alumínio e metais tóxicos na água.
De acordo com a empresa, o vazamento não está relacionado com as tempestades de fevereiro.
“Toda a água da chuva e de superfície da refinaria da Alunorte deveria ter sido levada para o sistema de tratamento de água”, afirmou o grupo norueguês.
A Norsk Hydro contratou uma auditoria independente da empresa de consultoria SGW Services para esclarecer o caso e, na sexta-feira (16), anunciou um investimento de 500 milhões de coroas (US$ 64 milhões).
A Hydro Alunorte, que pertence em 92,1% à Norsk Hydro, produz 5,8 milhões de toneladas de alumina ao ano. A alumina, extraída da bauxita, é a principal matéria-prima para a produção do alumínio.
As ações da Norsk Hydro perderam 15,82% de seu valor no último mês.
Minas Gerais
A gestão dos rejeitos de mineração é um tema sensível no Brasil, que registrou, em 2015, a pior tragédia ambiental de sua história: o rompimento de uma barragem com quase 40 milhões de metros cúbicos de resíduos de mineração em Mariana, Minas Gerais.
O tsunami de lama matou 19 pessoas, destruiu várias cidades e percorreu mais de 600 quilômetros pelo rio Doce até o Oceano Atlântico, devastando fauna e vegetação em sua passagem. (Contém informações da AFP e nossa avaliação sobre o tema).