Empresas serão fator-chave para a ação climática global
Da Redação em 29 June, 2016
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Uma nova pesquisa, “The Business End of Climate Change”, lançada, nesta terça-feira (28/06), na Cúpula de Negócios e do Clima que está sendo realizada em Londres, apresenta pela primeira vez uma estimativa do que poderiam representar os cortes nas emissões de gases de efeito estufa pelo setor empresarial em todo o mundo. O relatório examina o que será alcançado pelos planos de cinco iniciativas chave do mundo empresarial em âmbito global (RE100; EP100; Metas com Base Científica; Desmatamento Zero & LCTPi) sobre a ação climática em andamento e compara com o que poderia acontecer se todas as empresas relevantes aderissem a estas iniciativas e implementassem seus planos.
O relatório mostra que as atuais Contribuições Empresarialmente Determinadas (Business Determined Contribution) para a ação climática – o total que, em 2030, o setor empresarial vai reduzir de emissões de gases com efeito de estufa – são de 3,7 bilhões de toneladas de CO2 equivalente por ano no âmbito dos planos atuais.
O potencial das BDC para a ação climática pode alcançar 10 bilhões de toneladas de CO2 equivalente por ano até 2030 com o ambiente regulamentar apropriado para apoiar todos as empresas relevante que se inscreverem. Além disso, o número de empresas inscritas nestas iniciativas poderia aumentar das atuais 300 para mais de 3500 em 2030.
Comentando sobre o relatório lançado na Cúpula de Negócios e do Clima, em Londres, o Chief Sustainability Officer da IKEA, Steve Howard, afirmou que “Construir um futuro melhor é nossa responsabilidade comum. Empresas, investidores, indivíduos, cidades e regiões, todos têm um papel a desempenhar. A ação sobre mudanças climáticas não é apenas a coisa certa a fazer, ela traz benefícios para o negócio. Para o Grupo IKEA é um motor de inovação, renovação e uma oportunidade para tornar nosso negócio melhor.”
As atuais BDC à ação climática, no total de 3,7 bilhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, representam mais de 60% dos cortes nas emissões totais (6 bilhões de toneladas em 2030) prometidos por todos os países do acordo climático de Paris através de suas próprias contribuições determinados a nível nacional (NDCs) . É o equivalente a mais de 1000 usinas de energia a carvão permanentemente fora de uso, quase 75% do total do mundo.
As empresas não estão esperando até 2030 para desempenhar seu papel. No total, cerca de 300 empresas líderes já se inscreveram nas cinco iniciativas de ação climática analisadas pelo relatório. As empresas inscritas vêm de todo o mundo e de todos os diferentes setores , e estão se juntando em números crescentes – ao longo dos últimos doze meses (junho de 2015 a maio de 2016), 174 empresas se inscreveram para estas iniciativas, em comparação com 49 empresas em nos doze meses anteriores (junho 2014-maio 2015).
Exemplos de empresas
* A Kellogg Company cortou suas emissões de carbono em 14% por tonelada métrica de alimentos produzidos desde 2005. Em 2015, a empresa se comprometeu com ambiciosas metas baseadas na ciência, incluindo uma redução de 65% nas emissões de suas operações em 2050, e o envolvimento dos fornecedores para ajudá-los a reduzir as emissões em 50% até 2050.
* O Grupo IKEA comprometeu-se a ser 100% renovável, gerando tanta energia renovável quanto a energia total que consome nos seus edifícios em 2020. A empresa é sócia-fundadora da campanha RE100 e comprometeu-se a reduzir as suas emissões em conformidade com a metas baseadas na ciência. A IKEA Grupo investiu € 1,5 bilhões em energias renováveis desde 2009 e prometeu mais € 600 milhões no ano passado.
Em 2030, as iniciativas pretendem ter mais de 3500 empresas inscritas, impulsionando a economia de baixo carbono. Christiana Figueres, Secretária Executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) disse que “No período que antecedeu a COP21 em Paris, uma aliança extraordinária de empresas e investidores se comprometeu com ações ambiciosas através do portal NAZCA dedicado. Eu acredito que podemos realmente dizer- “Estamos Acelerarando a Ação Climática”. Mas um acordo climático universal das nações também precisa de apoio universal para o setor privado além da Europa e América do Norte. Exorto as empresas comprometidas a alcançar seus pares na África, Ásia e América Latina, a fim de semear, catalisar e criar ação em todos os lugares e em apoio à COP22 em Marrakech “.
O relatório reconhece que, embora as principais companhias já estejam empenhadas em realizar a ação climática, e muitas outras estejam prontas para se inscrever para assumir novos compromissos, resta um longo caminho ainda a percorrer para atingir a meta de manter o aumento médio da temperatura do planeta abaixo dos 2° C como foi acordado pelos países em Paris durante a COP21.
O relatório examina o que pode ser alcançado se todas as empresas relevantes forem encorajados a se inscrever nas cinco iniciativas. Nesse cenário, o relatório aponta que o setor empresarial poderia reduzir suas emissões em cerca de 10 bilhões de toneladas métricas por ano. Este potencial é equivalente ao que a China, maior emissor do mundo, elimina do total de emissões de CO2 por ano e sozinho já nos colocaria além da metade do caminho para um mundo abaixo dos 2° C de aumento da temperatura.
De acordo com Paul Simpson, Diretor-Presidente do CDP, “Este relatório deixa claro que o setor empresarial tem um enorme papel a desempenhar para permitir que a economia global alcance – e supere – os objetivos climáticos. Com este potencial, vem uma grande oportunidade para aumentarmos a resiliência, inovarmos e garantirmos a rentabilidade futura. O único caminho é aumentar a ação empresarial sobre as mudanças climáticas. Mas não devemos nos dirigir para esse futuro às cegas: a divulgação de informações sobre o clima será essencial para acompanhar o progresso das empresas, estimular uma maior ação e ajudar as empresas a alcançarem seus objetivos”.
Para atingir este ambicioso potencial de contribuições, governo e empresas devem continuar a trabalhar juntos para criar o ambiente político correto e um quadro regulamentar que permita uma forte ação climática. O relatório apela aos governos de todo o mundo para:
* incentivar o setor de utilities a oferecer contratos de energias renováveis e tornar mais fáceis para as empresas se comprometerem com eles;
* ajudar as empresas a construir as suas próprias instalações de energia renovável;
* apoio à P & D de tecnologias de baixo carbono;
* oferecer subsídios e depreciação do capital para fazer investimentos de eficiência energética mais atraentes;
* criar incentivos para compradores e vendedores de produtos sustentáveis;
* reduzir a carga administrativa e os custos de certificação para os produtores de forma a tornar mais fácil a produção de mercadorias sem desmatamento.
Nigel Topping, CEO do We Mean Business, que encomendou o relatório,ressalta que “As empresas que tomam medidas ousadas sobre as mudanças climáticas contribuem significativamente para colocar o mundo em uma trajetória abaixo de 2° C. Para realizar plenamente esse potencial, precisamos ver três coisas acontecendo. Um, governos removendo barreiras e criando incentivos que permitem às empresas ser ainda mais ambiciosas em seus esforços para reduzir as emissões. Dois, empresas líderes já comprometidas com uma ação climática significativa elevando a ambição de seus pares, demonstrando a dimensão da oportunidade econômica. E três, as empresas que ainda não tenham se cometido, devem seguir a forte liderança das empresas que já se inscreveram para um ou mais compromissos do We Mean Business”.
O relatório reconhece que este é um ponto de partida e não um quadro completo da ação empresarial. Há muitas outras iniciativas empresariais em curso, destinadas a reduzir as emissões, e um processo foi delineado para capturá-los em futuras edições do que se tornará um relatório anual. Com informações da assessoria.