Acordo climático da COP 21 é decisivo para o futuro do Planeta
Da Redação em 19 August, 2015
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Na cidade de Paris (França) deverá ser firmado o mais importante acordo climático deste século, que irá definir o grau de esforço de redução de gases de efeito estufa (GEEs) que será assumido nas próximas décadas (os GEEs são a principal causa do aquecimento global). Chamado de Protocolo de Paris, o documento deverá ser assinado em dezembro durante a 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21) e substituirá o Protocolo de Kyoto, que termina sua vigência em 2020. Mas qual a real importância desse novo acordo? O que ele representa?
Mais do que um documento, esse novo acordo balizará o compromisso das Partes (países que integram a Convenção do Clima) de impedir que a temperatura do Planeta aumente mais de 2 graus em relação à era pré-industrial. Se esse limite for ultrapassado, cientistas do Instituto Nacional ade Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam consequências como extinção de espécies da fauna e da flora, alteração na frequência e intensidade das chuvas – que interfere na agricultura, por exemplo; elevação do nível do mar e intensificação dos fenômenos meteorológicos extremos, como tempestades e secas prolongadas.
“Não é difícil imaginar esse cenário visto que as mudanças climáticas já estão sendo sentidas em diversas partes do mundo, com secas e ondas de calor severas, chuvas fortíssimas e duradouras, furacões e outros eventos climáticos extremos”, afirma André Ferretti, gerente de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, uma das instituições que faz parte do Observatório do Clima – rede de ONGs e movimentos sociais que atuam na agenda climática brasileira.
Para que o Protocolo de Paris seja efetivo e tenha potencial para mudar a realidade do clima no mundo, é necessário que os governantes e responsáveis cumpram alguns passos importantes como o envio prévio das metas de redução dos gases de efeito estufa que pretendem adotar. O prazo máximo para envio é em 1º de outubro, mas Ferretti ressalta que é importante antecipá-lo o quanto antes, pois o processo antes da negociação é longo e minucioso. “Cada proposta recebida precisa ser traduzida para os seis idiomas oficiais da ONU (inglês, francês, espanhol, árabe, chinês e russo), além de ser ajustada para a mesma base de cálculo, o que consome muito tempo, para que se possa estimar qual a quantidade de GEE que ainda será emitida nas próximas décadas e o reflexo dessas emissões no clima global”, comenta.
Ele explica ainda que, no momento atual das negociações, cada país está utilizando um ano base que melhor lhe convenha para o cálculo das emissões. Porém, para que seja firmado um acordo na COP 21, será necessário uma padronização: é preciso que todos os países alterem sua base de cálculo para uma mesma data de referência. Apesar do prazo curto que resta para a entrega, poucos países apresentaram suas propostas de redução de GEE, tais como Estados Unidos, México, Noruega, Suíça e Gabão.
Brasil
O Brasil faz parte dos países que ainda não entregaram suas metas de emissão de GEEs, o que vai contra o papel de protagonista nas questões climáticas que o país teve no passado. Esse papel começou mais fortemente com a atuação brasileira durante a COP15 em Copenhagen, em 2009, quando o país voluntariamente se propôs a reduzir suas emissões. Na época, a obrigatoriedade de redução era apenas para países desenvolvimento, sendo que o Brasil, como nação em desenvolvimento, estava livre de metas obrigatórias. Vale lembrar também que a própria Convenção do Clima foi proposta e assinada aqui no Brasil, durante a Rio 92. Desde então, o país tem sido um dos mais atuantes nas negociações internacionais de clima.
“Infelizmente essa postura ficou no passado e, por enquanto, as lideranças brasileiras estão na retaguarda, esperando o posicionamento de outros países. Além disso, as emissões brasileiras que vinham caindo, voltaram a crescer nos últimos dois anos”, explica Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.
A diretora explica que apesar do Brasil ser um dos dez maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta, ele está na contramão dos investimentos em matriz energética. De acordo com o Plano de Expansão Decenal de Energia 2014-2023, documento do governo federal que prevê os rumos energéticos do país, serão investidos R$1,263 trilhões em energia. Desse total 71% serão destinados para combustíveis fósseis, sendo que as fontes renováveis – como energia eólica, solar e biomassa – receberão apenas 9,2%.
“Apesar disso, temos tudo na mão para mudar esse cenário. Temos grande frota de automóveis com condições de usar o biocombustível (flex), estrutura de postos de combustível e produção de etanol. Precisamos de interesse político para voltarmos à nossa posição de protagonistas”, explica Malu Nunes. Com informações da assessoria.