Limitar aumento da temperatura no planeta ainda é possível, diz Ban Ki-moon
Da Redação em 9 December, 2014
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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse nessa terça-feira (09/12), que ainda há possibilidade de limitar o aquecimento global a um nível seguro. Ele advertiu, no entanto, que o tempo está esgotando.
“Ainda há uma hipótese de [a temperatura do planeta] ficar dentro do limite máximo internacionalmente acordado de menos de 2º Celsius [ºC], mas a janela de oportunidade está diminuindo rapidamente”, disse Ban Ki-moon na abertura das negociações climáticas com os ministros dos países representados, em Lima.
Ele advertiu que “todos os países [devem] fazer parte da solução”. O secretário-geral das Nações Unidas destacou que a intenção era apresentar “uma mensagem de esperança e de urgência”.
Em relação ao primeiro aspecto, Ban Ki-moon destacou o recente acordo entre os Estados Unidos e a China sobre a diminuição das emissões de gases que provocam o efeito estufa; os compromissos da União Europeia até 2030; e o plano anunciado há alguns dias, pela Alemanha, para abandonar o carvão, a energia mais poluente.
No entanto, o secretário-geral disse que está “muito preocupado” pelo risco de a ação coletiva não estar à altura das responsabilidades impostas para diminuir os impactos climáticos do efeito estufa.
Ban Ki-moon acredita que será possível ter, em Lima, um projeto de texto bem estruturado e coerente para se conseguir um acordo em 2015. O secretário-geral deve organizar, no final de setembro, em Nova York, uma conferência de chefes de Estado para debater as questões climáticas.
O secretário apelou pela ajuda aos países em desenvolvimento para que criem planos de adaptação nacionais. “É uma corrida para construir sociedades mais resilientes face ao clima e mais prósperas”, considerou.
Negociações na COP 20 entram em etapa decisiva
As negociações da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP 20) entram em uma etapa decisiva com a instalação do diálogo de alto nível que reunirá o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ministros de vários países.
Delegações de 195 países que participam da COP 20 devem chegar a um consenso até sexta-feira (12/12) sobre diversos pontos que, dentro de um ano, serão levados à Conferência do Clima em Paris (COP 21) – na qual se espera chegar a um acordo multilateral para enfrentar o aquecimento global.
“Nos próximos dias teremos que redobrar nossos esforços para atender às preocupações de cada um. Esse tem de ser um processo de escuta e não de lições a dar”, disse ontem o comissário europeu do Ambiente, Miguel Arias Cañete.
Os debates tiveram início no dia 1º de dezembro. Os países se mostram divididos sobre alguns dos temas fundamentais, entre eles, os fundos de financiamento para adaptação e mitigação da mudança do clima – que devem iniciar as operações até junho de 2015.
Outro ponto de difícil acordo é a forma com que se medirá o cumprimento de cada país com relação à redução das emissões de gases de efeito estufa. A meta é limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius (ºC) até o fim do século.
No atual nível de emissão de gases, a estimativa é que haja um aumento das temperaturas entre 4ºC e 5ºC para 2100, uma perspectiva que ameaça causar problemas ligados à segurança alimentar e de acesso à água potável, assim como eventos climáticos extremos.
Outro tema de difícil negociação é a diferenciação, entre os países, de responsabilidades com relação ao aquecimento global.
Ainda que as nações industrializadas reconheçam sua responsabilidade no aumento das temperaturas do planeta, atualmente, alguns dos países emergentes figuram entre os principais emissores de gases de efeito estufa, como a China, em primeiro lugar, e a Índia, em quarto.
“Nesse assunto, o mundo de 2015 ou o de 2020 não é mais o de 1992”, destacou Arias Cañete, em referência à convenção da ONU sobre o clima em que houve a diferenciação de responsabilidades em duas categorias de países: os desenvolvidos e os em desenvolvimento.
ONGs criticam falta de progressos na Conferência sobre o Clima
As organizações não governamentais (ONGs) que estão em Lima como observadores das negociações internacionais sobre o clima criticam a falta de progressos para alcançar um acordo multilateral, que deve estar concluído dentro de um ano.
“Têm existido vários falsos começos desde o início da semana”, lamentou Tasneem Essop, porta-voz da ONG WWF, para quem “os negociadores ainda não entenderam que este diálogo é uma urgência planetária”.
Segundo o porta-voz, existem duas concepções em confronto para o futuro acordo, aguardado para o final de 2015 em Paris. Uma delas está “centrada nos esforços de redução dos gases de efeito estufa” e a outra, “mais global, inclui questões de adaptação (às alterações climáticas) e de financiamento”.
“O Protocolo de Quioto é centrado na redução de gases de efeito estufa (dos países desenvolvidos), mas, para o futuro acordo, os países em desenvolvimento pretendem que a adaptação aos impactos do aquecimento seja incluída”, destacou Meena Raman, da ONG Rede do Terceiro Mundo.
Para Alix Mazounie, do grupo de organizações francesas Ação Contra o Clima, as negociações não começaram verdadeiramente. “É verdade que a primeira semana (das conferências anuais da ONU sobre o clima) costumam ser assim, com muitas posições e os países traçando até onde podem ir”, concluiu. Com informações de várias agências estrangeiras divulgadas pela Agência Brasil.