Relatando as atividades sustentáveis da PME
Da Redação em 24 May, 2014
Tuite
As atividades relacionadas a sustentabilidade cada dia mais estão tomando a estratégia das grande empresas e das multinacionais. Estas grandes companhias, que possuem produtos e serviços que podem ser acessados em qualquer país do mundo, sistematicamente se preocupam com os seus fornecedores locais – grandes, médias e pequenas empresas – para que sigam as regras mundiais de trabalho, de meio ambiente, de conduta ética, de gestão transparente, entre outros.
Para isso criam indicadores, auditorias, linhas de denúncias para questões éticas, equipes dedicadas para a gestão dos fornecedores e de outros públicos de interesse, enfim, várias atividades que fazem o controle e o engajamento dos seus stakeholders. Se envolver com estes públicos que orbitam a empresa é um dos pontos principais nos dias de hoje, pois quanto mais ele entender a cadeia produtiva e estes grupos organizacionais de relacionamento, esta companhia poderá agregar valor aos seus serviços e produtos.
Uma das formas destas grandes empresas demonstrarem as atividades que vêm realizando em sustentabilidade e o quanto estão se envolvendo com os seus stakeholders é produzir o Relatório de Sustentabilidade. Como mostra a Pesquisa Internacional da KPMG sobre Relatórios de Responsabilidade Corporativa 2013, dentre as 100 maiores empresas em cada um dos 41 países pesquisados, ou seja, 4.100 principais empresas no mundo, quase três quartos (71%) destas empresas relatam as suas práticas do desenvolvimento sustentável em um documento sobre o tema. Um aumento de sete pontos percentuais em relação à pesquisa desde o início desta mensuração em 2011. As empresas no Brasil também estão entre os países que relatam estes tipos de atividades com 78% das 100 maiores empresas.
Esta prática de relato não é somente um bonito livro com fotos da empresa e que fica na estante dos diretores e vice-presidentes; serve também como uma ferramenta de diagnóstico de trabalho, pois no momento em que é buscada a informação para rechear o documento, a avaliação é desenvolvida. Ou seja, neste momento se descobre o que a empresa está fazendo, o que gostaria de fazer, o que não está fazendo e o que está errado.
No conteúdo do relatório, entram temas institucionais da empresa, tais como estratégia, risco e oportunidades; as questões de materialidade; metas e indicadores sociais, ambientais e econômicos; os fornecedores, a cadeia de valor e os outros stakeholders; o engajamento destes públicos de interesse; como funciona a governança corporativa; e como é a transparência e o equilíbrio. O modelo que a maioria destas empresas utilizam são as diretrizes do GRI, o Global Reporting Initiative. No Brasil, segundo a pesquisa da KPMG, 91% das empresas utilizam esta metodologia, o que nos deixa no quarto lugar ranking mundial de utilização ao lado da Suécia e Chile.
E as pequenas, micro e médias empresas, também podem ter o seu relato sobre o tema? Cada dia mais é necessário que estas empresas comecem a pensar no tema da sustentabilidade para que consigam fazer negócios com estas grandes companhias.
Para que a implementação das atividades chegue a um relatório completo como estas megas empresas fazem, será um pouco mais difícil, porém se utilizarem a metodologia de verificação e avaliação dos indicadores já é um bom começo. Outro ponto interessante para as PMEs é utilizar esta ferramenta de comunicação das grandes empresas como uma forma de entender os negócios, as diretrizes, a forma como estas grandes companhias fazem os seus processos e como tratam os seus públicos de interesse.
Quem sabe numa análise mais profunda a sua PME não consegue descobrir uma necessidade de serviço ou produto que esta grande empresa tem e com isso se torna mais um fornecedor dela?
Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor; professor da ESPM; idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade e estilo de vida.