Avanço da BP no ártico alarma cientistas e ambientalistas
Da Redação em 6 November, 2012
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Explorar petróleo em alto mar é arriscado em qualquer parte do mundo, mas as condições particulares do ártico tornam o trabalho no local especialmente complicado. A perfuração e a limpeza em caso de derramamento são difíceis por causa do frio extremo combinado com ventos fortes, blocos de gelo e pouca luz do sol durante o inverno.
Além disso, o gelo marinho está derretendo rapidamente, tornando extremamente difícil construir uma compreensão abrangente sobre esse ambiente físico, químico e biológico, afirma o geólogo marinho e diretor da comissão norte-americana de pesquisas no ártico, John Farrel.
Isso significa que é quase impossível rastrear danos ao meio ambiente ligados à expansão da perfuração de petróleo. “Com a diminuição da extensão da camada de gelo marinho e o aquecimento da região polar, não há mais um ecossistema de base”, diz Farrell.
Desbravando o ártico
Cientistas e ambientalistas se voltaram para o polo norte após anúncio feito no dia 22 de outubro de que a gigante petrolífera britânica BP estava vendendo sua participação russa para a Rosneft – companhia estatal de petróleo da Rússia.
Pelos termos do acordo, a Rosneft se tornará a maior companhia de petróleo de capital aberto do mundo, com a BP controlando 20% dela. Para ambientalistas, a questão-chave é que o novo acordo dará à empresa britânica acesso a reservas do ártico por meio da Rosneft.
De acordo com o Serviço Geológico dos EUA, 13% das reservas de petróleo mundiais ainda não descobertas estão sob a camada de gelo do polo norte, que está derretendo rapidamente. A Rosneft já perfurou pontos no ártico, mas investiga agora como fazer isso no mar. Trata-se de um casamento por conveniência: a BP oferece sua experiência e a Rosneft, suas licenças.
Na Rússia, exploradores de petróleo estão de olho no Mar de Kara. Essas águas são tão remotas que os soviéticos as usaram como local de despejo de lixo nuclear por mais de 25 anos.
No fundo do mar, há 17 mil contêineres de lixo radioativo e um submarino nuclear naufragado. Os resíduos nucleares e o risco de um eventual derramamento de petróleo na região polar levaram o Greenpeace a pedir a proibição da perfuração no ártico.
E os ambientalistas não são os únicos a se preocupar. Em setembro deste ano, a multinacional francesa de petróleo e gás Total alertou sobre a perfuração no ártico. A companhia disse que os riscos eram muito altos, e que um acidente seria prejudicial para a imagem da companhia.
Aprender com a experiência
O auditor ambiental russo Alexei Bambulyak trabalha com exploração no ártico na Noruega e na Rússia. Segundo ele, ainda é preciso realizar mais pesquisas antes que a perfuração possa começar. O especialista explicou que falta conhecimento sobre o Mar de Kara, se comparado ao que especialistas em perfuração sabem sobre águas de regiões mais ao sul.
“Conhecemos alguns padrões gerais, mas não podemos afirmar que sabemos o suficiente para fazer avaliações adequadas sobre riscos e impacto ambiental”, diz Bambulyak. “À medida que avançamos para o norte e para o leste do ártico, a partir do Mar de Barents, no leste, o conhecimento diminui.” Mas ele acrescentou que a participação da BP pode melhorar os padrões de segurança na exploração de petróleo no ártico.
A imagem da BP foi gravemente prejudicada em 2010 após um vazamento no Golfo do México, o pior da história dos EUA. E tal episódio está longe de terminar. Ainda há mais de 750 milhões de litros de petróleo no mar. Mas isso fará com que a companhia aja com muito mais cautela no futuro, acredita Bambulyak.
“O conhecimento deles tem extremo valor. Podemos esperar que atuem com precaução no ártico”, diz o auditor. “E podemos esperar por mais investimento em pesquisa ambiental. Eu lanço um olhar positivo sobre o que aconteceu, mas temos que esperar para ver.” Com informações da DW.