Para salvar o planeta, liberte-se do capitalismo

em 23 October, 2012


Livro francês lançado no Brasil pela editora Saberes levanta a polêmica da temida batalha: Planeta x Capitalismo.

Se você pouco souber deste livro, não é por acaso. Afinal, vivemos numa sociedade em que o capitalismo é primordial para “mover o moinho”. E em meio ao individualismo excessivo oriundo do sistema, a quem caberia impedir que a crise ecológica se agravasse e levasse a humanidade ao caos? De acordo com o jornalista francês Hervé Kempf  as atitudes dessa geração devem levar em consideração os efeitos de suas ações nas próximas gerações.

Mas o culpado, segundo o autor, é mesmo o velho e “bom” capitalismo e as suas facetas de poder. Kempf não é ortodoxo nem marxista, é ecologista. Por isso, “Para salvar o planeta, liberte-se do capitalismo”, lançado pela editora Saberes,  traz à tona dados sobre os danos do consumismo, da produção excessiva de mercadorias, do gasto inconsciente de energia e suas consequências sob o Meio Ambiente.

Na obra, o autor traça ainda um perfil deprimente, mas verdadeiro da sociedade mundial contemporânea e traz reflexões sobre os hábitos humanos, seu convívio e raciocínio– como o da “psicologia coletiva que prega que a ausência de vínculos é a expressão da liberdade”.

Assim como previu a crise de 2007, Kempf aponta o seguinte diagnóstico para o mundo: não haverá solução para a crise ecológica. A menos que fique de lado o capitalismo e se controle os inevitáveis solavancos que ocorrerão em consequência disso. Do contrário, a opção é “mergulhar na desordem que uma oligarquia agarrada em seus privilégios criaria por sua cegueira e egoísmo”.

Sobre o autor

Hervé Kempf é um ecologista francês que denuncia os males do capitalismo, em especial, sobre o Meio Ambiente. Ele é jornalista do conceituado jornal Le Monde e também autor de outros livros que foram traduzidos para o espanhol, italiano, inglês e grego. No Brasil, uma de suas obras, “Como os ricos destroem o planeta”, foi publicada pela editora Globo em 2009.

Trecho do livro

Podemos resumir nossa situação por meio dos sete axiomas a seguir:

1. Permitir o agravamento da crise ecológica poderá conduzir a civilização a uma deterioração contínua e considerável de suas condições de existência.

2. A hipótese de efeitos-limite para além dos quais os sistemas naturais já não podem reencontrar seu equilíbrio ganhou grande credibilidade. Para evitar que se atinja e ultrapasse esses limites, é urgente mudar a direção e inverter as tendências atuais de transformação da biosfera.

3. Não há justificativa para que africanos, asiáticos ou qualquer outro membro da comunidade humana tenham individualmente menor acesso aos recursos da biosfera do que europeus, japoneses ou norte-americanos.

4. Os membros da comunidade humana não podem todos ascender ao nível atual de utilização dos recursos dos europeus, japoneses e americanos, a não ser que ultrapassem o limite de equilíbrio da biosfera. É necessário, portanto, que reduzam o consumo desses recursos a um nível próximo de uma média mundial bem inferior a seu nível atual.

5. As sociedades ditas desenvolvidas são bastante desiguais. A equidade significa que a redução do consumo material deve ser proporcionalmente bem mais intensa para os ricos do que para os demais. O declínio geral no consumo será compensado pela melhoria dos serviços da comunidade, contribuindo para o bem-estar geral.

6. A rivalidade ostensiva está no cerne do funcionamento da sociedade global. Isso significa que os costumes das classes mais abastadas definem o modelo cultural seguido pelo conjunto da sociedade. A redução das desigualdades e, consequentemente, a redução das possibilidades de consumo ostensivo da oligarquia transformarão os modelos gerais de comportamento.

7. O mais importante desafio político do período que se anuncia é o de operar a transição para uma sociedade mais justa e em equilíbrio com o meio ambiente sem que a oligarquia destrua a democracia para manter seus privilégios.

 




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