Bambu é alternativa ecológica para a construção civil
Da Redação em 19 October, 2012
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A humanidade utiliza bambus há séculos. Muitos povos conhecem suas propriedades e ainda hoje utilizam o “aço vegetal” para construir casas. Suas qualidades excepcionais como material de construção, seu caráter sustentável e seus benefícios para a natureza podem, no futuro, transformar o bambu em uma requisitada matéria-prima para a construção civil.
A planta não é apenas leve e flexível, mas também excepcionalmente estável. Francisco Gallo Mejia conhece essas propriedades muito bem. O colombiano de 43 anos é natural de Pereira, região em que as casas são construídas com bambu desde os tempos antigos.
Além disso, o doutor em arquitetura apresentou um projeto sobre moradia sustentável a base de bambu como trabalho de conclusão de um curso de administração ambiental que fez na Espanha. Em 2009, ele recebeu um prêmio da Fundação Altran pelo projeto ambiental inovador.
Desempenho excepcional
Nenhuma outra planta cresce tão rápido como o bambu, diz Gallo. Ela chega a crescer até 15 centímetros num dia. Em meio ano, são 35 metros de bambu. Ao todo são necessários três anos até que o bambu esteja maduro e estável o suficiente para ser usado na construção de casas.
Ao contrário da madeira, o corte do bambu não elimina a planta. Quando a haste é cortada, uma nova começa a crescer rapidamente no lugar. Assim, em termos de cultivo, o bambu é uma planta sustentável.
E ela ainda oferece benefícios adicionais ao meio ambiente, explica Gallo: “Se usarmos bambu em vez de tijolos, cimento e aço, evitaremos a emissão de uma grande quantidade de CO2 na atmosfera – mais de 200 toneladas de dióxido de carbono por hectare.”
O bambu também ajuda na manutenção das espécies, previne a erosão, é biodegradável e regula as águas subterrâneas. “Um único hectare de bambu acumula água subterrânea suficiente para abastecer 150 pessoas”, diz Gallo.
Do artesanato à indústria da construção
O bambu pode ser cultivado em todos os continentes, exceto na Europa, onde o clima é frio demais para a planta. Mas nem todos os 600 tipos de bambu existentes são adequados para a construção civil. Para isso, a espécie precisa de propriedades especiais. O guadua é o tipo ideal. Gallo conhece essas plantas muito bem, por serem o material de construção predominante na Colômbia. “Nós costumamos dizer: ‘plante sua casa’”, diz o arquiteto.
Não há nada que impeça o bambu, como “aço vegetal”, de substituir outros materiais de construção convencionais. A indústria só precisa se mexer, diz Gallo. Seria necessário fazer testes. “É importante saber o quão fortes e resistentes às intempéries os materiais de construção são. E tais testes precisam finalmente ser feitos também com o bambu.”
Isso não requer apenas novas tecnologias. Os obstáculos também precisam ser superados no campo da legislação – por exemplo, a certificação para que o bambu possa ser fornecido a mercados exigentes, como o europeu. Nesse aspecto, a madeira, com seus séculos de tradição industrial, leva clara vantagem sobre o bambu.
Nenhuma outra planta cresce tão rápido quando o bambu, que pode ganhar 15 centímetros em um único dia.
Ideia distorcida
O problema é que o bambu não tem lobby nos países industrializados. “Quando se fala em bambu, as pessoas pensam em românticas cabanas em ilhas tropicais, que na melhor das hipóteses servem para passar as férias”, explica o arquiteto.
Na opinião de Gallo, o lado sustentável do bambu precisa ser destacado. Assim como o econômico. Isso ajudaria a popularizá-lo como material de construção. “No momento não podemos dizer que seria mais barato construir com bambus. No entanto, ao longo da vida útil de uma construção, a relação custo-benefício do bambu é mais vantajosa, pois o bambu tem um bom isolamento e ajuda a reduzir os gastos com aquecimento.“
A construção a base de bambu poderia se transformar numa fonte de crescimento econômico para os países produtores e também para países emergentes. Há um grande potencial de geração de empregos, afirma o arquiteto. Afinal, a indústria do bambu não precisa nem de grandes máquinas nem de forte infraestrutura. E os números mostram que o setor da construção ocupa uma posição importante na economia dos países emergentes: 21% do Produto Interno Bruto, quase três vezes mais do que a média mundial.
Ao longo das próximas décadas, a tendência é que os países emergentes se concentrem no desenvolvimento de suas cidades. E a frase “plante sua casa” pode, nesse contexto, fazer mais sentido do que nunca. Com informações da DW.DE.