Governos e empresas precisam avançar em sustentabilidade
Da Redação em 11 June, 2012
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A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, tem que ser mais do que um espaço de conceito e filosofia na opinião do escritor e engenheiro Fernando Almeida. O autor do livro Desenvolvimento Sustentável 2012-2050, que participou da Rio 92, disse que os países avançaram pouco nestes últimos vinte anos na consolidação de um novo modelo econômico que considerasse os riscos reais da degradação ambiental para o desenvolvimento do mundo.
“A percepção dos grandes pensadores é a de que regredimos. A maioria dos indicadores ligados ao desenvolvimento sustentável, como a dos animais em extinção, a qualidade da água, a miséria acirrada com crise de 2008, se tornaram piores e mais preocupantes”, disse. Para o engenheiro, os chefes de Governo que vão participar da conferência precisam definir projetos que realmente saiam do papel e tenham escala capaz de provocar transformações.
“Podemos dizer que os conceitos avançaram na mídia, na academia e entre algumas organizações da sociedade civil, mas não atingiu as lideranças empresariais ou governamentais. O debate de 1992 não se reverteu em projetos de desenvolvimento sustentável que tirasse a Amazônia de risco, ou que revertesse a extinção dos corais da Austrália, ou ainda que extinguisse a pobreza na África”, avaliou Almeida.
Um dos objetivos da conferência que ocorre no Rio de Janeiro, entre os dias 13 e 22 de junho, é avaliar o que foi feito pelos países desde a Rio 92, que resultou na assinatura de importantes acordos como a Agenda 21, um documento que orientava ações para um novo modelo de desenvolvimento que reduzisse os impactos ambientais. Para Fernando Almeida, a Agenda 21, que deveria ser adotada por todos 110 países que participaram da convenção, “ficou na retórica”.
O escritor também não considera que as Convenções de Biodiversidade e a de Mudanças Climáticas, da Rio 92, resultaram em avanços. “Em relação à questão do clima, países como os Estados Unidos continuam sem ratificar acordos e continuamos sem um posicionamento. Nada substitui o Protocolo de Quioto e, inclusive o Brasil se apresenta de forma muito rarefeita em relação aquele documento, em uma posição irresponsável. Não é porque naquela época o país deixou de ser apontado pela poluição que pode justificar esse posicionamento hoje”, disse.
Cláudio Maretti, líder da Iniciativa Amazônia Viva e superintendente de conservação da organização não governamental WWF-Brasil acredita que os governos tentaram implementar as medidas, mas não conseguiram concluir bem as lições, assim como o setor privado. Segundo ele, os “agentes econômicos estão devendo muito nesta mudança por um novo modelo de desenvolvimento”.
Para Maretti, a implementação de uma economia verde é uma das maneiras de compensação desse atraso. O conceito é um dos resultados que se esperam da Rio+20 e ainda levanta polêmica, como temores sobre possíveis ameaças que esse modelo poderia trazer ao comércio internacional.
“O fato é que a economia tem que trabalhar para o desenvolvimento sustentável. As dimensões [econômica, social e ambiental] têm que vir juntas. Temos que produzir alimentos porque a população está crescendo, mas, se produzir, sem considerar a natureza estamos gerando uma dívida que será cobrada no futuro”, avaliou Maretti. Com informações da Agência Brasil.