ONG e Reino Unido pressionam pelo fim da caça às baleias

em 12 July, 2011


A WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal) elaborou, em parceria com o governo do Reino Unido, um novo relatório para inclusão do tema bem-estar animal na agenda do 63º Encontro Anual da CIB (Comissão Internacional da Baleia), que acontece entre 11  e 14/07, na ilha de Jersey, na Inglaterra.

O relatório é parte do desenvolvimento de novas estratégias visando à proteção das baleias, com o intuito de provocar discussões e obter avanços contra as práticas cruéis para matança destes animais.

Apesar da existência de proibição à caça comercial de baleias, a cada ano quase 1.300 delas ainda são mortas no Japão, Noruega e Islândia – realidade diferente do que acontece no Brasil, onde a prática é terminantemente proibida por lei desde 1987, e cujas águas costeiras são consideradas santuário internacional de baleias.

O conteúdo do relatório baseia-se no protocolo “Bem-Estar das Baleias” e no “Workshop sobre o Bem-Estar das Baleias e Questões Éticas”, realizado em março deste ano, ao qual compareceram mais de 30 especialistas internacionais, incluindo acadêmicos de renome em assuntos relacionados a bem-estar e ética animal, além de cientistas especializados em mamíferos marinhos.

O grupo formalizou uma gama de recomendações em diversos assuntos voltados ao bem-estar das baleias, incluindo a caça e o uso destes animais em pesquisas científicas. O mais importante, contudo, foi a percepção – unânime entre todos os participantes – de que as baleias são seres sencientes, e de que temos a responsabilidade de protegê-las contra quaisquer sofrimentos. 

Também foram protocoladas medidas específicas visando ao controle de atividades humanas que possam ter impacto negativo sobre o bem-estar das baleias, incluindo o entrelaçamento destes animais em equipamentos de pesca, além de colisões com navios e práticas danosas de observação. No workshop, a caça comercial também foi alvo de preocupação, já que pode estar causando grande e longo sofrimento às baleias, em flagrante desacordo com os mais modernos padrões de caça comercial.   

Esforços pela preservação das baleias

Houve igualmente consenso entre todos os participantes de que as pesquisas com baleias devem ser submetidas a análises de comportamento ético, realizadas por órgãos independentes e voltadas a avaliar os custos e os benefícios de tais pesquisas, de maneira a se certificar a real necessidade do uso destes animais e minimizar o seu sofrimento. 

Neste Encontro Anual da Comissão Internacional da Baleia, a delegação do Reino Unido irá formalmente apresentar as conclusões e as recomendações protocoladas no workshop, esperando que a Comissão adote um plano formal para o encaminhamento destas discussões sobre ética e bem-estar animal. Richard Benyon, Ministro do Meio Ambiente e da Pesca, assinala: “A Comissão Baleeira Internacional deve assumir a liderança no desenvolvimento de atividades visando à preservação e ao bem-estar das baleias. Este relatório oferece uma série de recomendações práticas sobre como a Comissão pode continuar a fortalecer a sua agenda objetivando o bem-estar destes animais”.

A posição firme do governo britânico quanto à preservação das baleias é ainda mais importante este ano, uma vez que a Comissão Baleeira Internacional vem tentando se consolidar e cada vez mais arbitrar sobre este assunto. 

A WSPA obteve também o apoio formal do Grupo Buenos Aires (BAG, na sigla em inglês) ao relatório. O BAG, bloco latino-americano de 11 países membros da Comissão Baleeira Internacional, reiterou o seu compromisso de manter a moratória internacional sobre a caça comercial às baleias (em vigor desde 1986), além de apoiar o término da caça científica, a promoção de práticas não letais às baleias e a criação de um novo santuário para as baleias no Atlântico Sul.

“Estamos bastante felizes por ver que os membros da Comissão vêm mantendo posição firme no tocante à proteção às baleias e é bastante estimulante constatar o apoio deles para a promoção do bem-estar destes mamíferos marinhos. Boas práticas de bem-estar animal trazem benefícios óbvios para atividades voltadas à observação das baleias, já que tais atividades são bastante importantes em muitos países desta região”, afirmou Marcela Vargas, gerente responsável pelos programas da WSPA para o México, a América Central e o Caribe.

Para Claire Bass, à frente das campanhas para os oceanos da WSPA Internacional, “a Comissão ainda está numa encruzilhada no que diz respeito à caça comercial das baleias e, portanto, questões de ética e bem-estar são centrais neste debate”. Bass conclui: “Este relatório está fortemente embasado para que a Comissão Baleeira Internacional possa de fato atualizar suas práticas em ética e bem-estar animal. Esperamos, assim, que a IWC atente para as opiniões de especialistas mundiais, alinhando-se com a atual agenda de compromissos e expectativas relacionadas ao tratamento humanitário dos animais”.  Com informações da WSPA.




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