Roraima reduz APPs e anistia desmatadores

em 2 December, 2010


O Estado de Roraima já começou a legislar sobre as questões ambientais, antecipando as mudanças no Código Florestal discutidas na Câmara Federal. O resultado foi a redução das APPs (Áreas de Preservação Permanente) a beira dos rios, a anistia geral aos desmatadores e o fim da obrigatoriedade de compensar os impactos com medidas de recuperação ambiental. As informações são do ISA – Instituto Socioambiental.  

A APP (Área de Preservação Permanente) do Rio Branco, o maior do estado, foi reduzida de 500 para apenas 50 metros (Lei Complementar nº 153/2009).  Como o Rio Branco tem mais de mil metros de uma margem a outra, proteger apenas 50 metros de margem significa reduzir a APP para menos de um vigésimo de sua largura, colocando em risco a saúde do rio.

Na teoria a APP não foi reduzida, apenas se tornou de interesse social e utilidade pública para a agropecuária em geral.  Na prática é o mesmo.  Ao determinar que “fica vedada a exploração de floresta ou vegetação nativa em faixa marginal de 50m, contando do limite do canal”, a lei permite que a vegetação original da beira do rio, antes protegida até 500 metros, seja derrubada e vendida, e permite ainda que o proprietário receba licenciamento automático se a licença ambiental não sair em até noventa dias, além de incentivos e isenções.

Assim, cultivar na beira dos rios de Roraima se tornou mais atraente do que em outras áreas com maior aptidão agrícola e menor custo ambiental.  A nova lei estadual também passa a proteger os estuários e o mar territorial do estado.  O problema, entretanto, é que Roraima não tem mar.

Outro exemplo é a lei chamada de “Roraima Sustentável” (Lei Complementar nº 149/2009), que tem como objetivo realizar a necessária regularização daqueles que desmataram áreas de reserva legal.  Na prática, entretanto, trata-se de oferecer anistia geral aos que desmataram fora da lei, sem fazer qualquer distinção caso a caso, beneficiando também aqueles que, agindo de má fé, desmataram grandes áreas e ganharam muito dinheiro com a venda da madeira.

Funciona assim: o proprietário se apresenta, se compromete a deixar a floresta derrubada crescer por conta própria, cumpre algumas formalidades e pronto.  Para ser perdoado das multas e ficar novamente dentro da lei, basta não fazer nada.  Por outro lado, se o estado não exigir que o proprietário deixe a floresta crescer de novo, ele pode pagar uma módica quantia e usar a área derrubada como bem entender.  Quem quiser, voluntariamente, pode gastar mais dinheiro comprando áreas similares às que foram derrubadas ou investindo em outras formas de compensação ambiental que ajudem a natureza a se regenerar.  Mas isto é opcional.

O exemplo de Roraima resultou em menor proteção do meio ambiente, impunidade e incentivo ao desmatamento, colocou o estado em desacordo com os compromissos assumidos pelo País e em situação de fragilidade frente às mudanças climáticas.  Não significa que, havendo oportunidade, todos os estados vão necessariamente seguir o mau exemplo de Roraima, mas é o suficiente para justificar o temor dos críticos e evocar o princípio da precaução. Com informações da ISA – Instituto Socioambiental.




3 Comentarios

  1. Eduardo Basílio, 13 anos atrás

    Que as legislações, todas elas, devam ser cada vez mais localizadas, estadualizadas e municipalizadas principalmente, creio haver poucas dúvidas. Senão nunca seremos uma federação de verdade. Agora há de se ter algum conhecimento e muito bom censo na confecção de leis. Este segundo aliás, parece ser artigo de altíssimo luxo nesse nosso país. Me parece que a iniciativa de Roraima é muito válida em buscar a autonomia legislativa ambiental, particularmente se for observada suas características peculiares. Agora cabe aos cidadãos de Roraima estudar e fiscalizar a qualidade dessa legislação, afinal eles seram os mais afetados por ela.

  2. VALTER TIAGO, 13 anos atrás

    E UM ABSURDO ESSA NOTICIA QUE RECEBO, UMA QUE ESTOU CONCLUINDO O CURSO DE GESTAO AMABIENTAL.ONDE ESTA O MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE P/ AGIR CONTRA ESSA OUSADIA E MAU EXEMPLO P/ OS DEMAIS ESTADOS. SABENDO QUE PRECISSAMOS PROTEGER OS NOSSOS RIOS E ASSIM CONTRIBUIRMOS C/ A ATMOSFERA A FAUNA E A FLORA.

  3. walacy j rodrigues, 13 anos atrás

    Estou cursando, gestão ambiental, e esta noticiia, de que Roraima, esta contribuindo para a degradação da natureza, redduzindo areas d preservação, diz contrario a todo un anseio da sociedade racional, que busca, reaver absurdos contra o meio ambiente e o ser humano.


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