COP 16: investidores pedem mais ação contra o aquecimento global

Da Redação em 2 December, 2010 Tuite

Os maiores investidores do mundo têm uma mensagem para os governos, tomadores de decisão e negociadores da Conferência do Clima em Cancun: se atitudes contra o aquecimento global não forem tomadas agora, a economia sofrerá perturbações muito mais severas do que a atual crise financeira.            

Investidores divulgaram um comunicado solicitando políticas nacionais e internacionais que impulsionem o investimento privado em tecnologias de baixo carbono. O documento cita potenciais perdas de até 20% no PIB até 2050 em razão da mudança do clima, mas também mostra que, por outro lado, uma nova economia de baixo carbono e eficiência de recursos traria benefícios financeiros.

A declaração foi assinada por 259 investidores da Ásia, África, Austrália, Europa e América, que gerenciam recursos que totalizam mais de $15 trilhões de dólares – mais que ¼ da capitalização do mercado global. Dentre os signatários estão gigantes globais como Allianz e HSBC, e também organizações de investimento de países em desenvolvimento e economias emergentes, incluindo a África do Sul, a Nigéria e o Brasil. É o maior grupo de investidores a pedir ação governamental em relação à mudança do clima.

Investimentos no mercado de baixo carbono

O documento mostra que investidores do mundo todo estão cientes de que países em desenvolvimento têm um papel crucial na resposta global para a mudança climática, visto que não só serão os mais atingidos pelos impactos físicos da mudança do clima, mas também terão que reduzir a intensidade de carbono na sua economia para que o mundo consiga efetivamente manter o aumento da temperatura global em no máximo de 2 grau Celsius. Para isso, serão necessários investimentos adicionais de capital, que os investidores poderão fornecer se forem criados quadros políticos locais e instrumentos globais que favoreçam o investimento em baixa emissão de carbono nesses países.

Enquanto investimentos globais em baixo-carbono crescem, especialmente na Ásia, investidores afirmam que, se políticas mais fortes forem criadas, a disponibilidade de capital privado para energia renovável, eficiência de energia e tecnologias de baixo carbono serão mais significantes.

De acordo com um relatório recente do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) que reflete as políticas mais fracas, a América do Norte fica muito atrás de Europa e da Ásia em investimentos em energia limpa, com apenas $20.7 bilhões em projetos de energia renovável em 2009, em comparação com  $43.7 bilhões para a Europa e $40.8 bilhões para a Ásia.  A lacuna aumentou este ano, com os EUA investindo apenas $4.4 bilhões, enquanto os investimentos da China chegaram a $12.5 bilhões e da Europa, a 8.4 bilhões.

A declaração dos investidores reivindica políticas domésticas tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. Mesmo sem expectativa de um acordo abrangente, investidores esperam por movimentos significativos durante as negociações internacionais de Cancun. Com informações da UNEP.