Renato Nalini em defesa da ética ambiental

em 9 May, 2010


“A questão ambiental continua a ser relegada a um plano subalterno nas políticas públicas”, na opinião do desembargador do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), José Renato Nalini, que também integra a Câmara Reservada ao Meio Ambiente. Para ele, ainda há “muito discurso e pouca responsabilidade”.

“Comemora-se a queda no desmatamento como se a redução do grau de devastação fosse algo que justificasse celebração”, afirma Nalini, que irá lançar pela Editora Millennium a terceira edição de seu livro “Ética Ambiental”.  

Renato Nalini revela ao Observatório Eco, que a nova edição do livro “Ética Ambiental” traz um novo capítulo que o autor denominou “péssimas ambientais”. Segundo ele, trata-se de “repositório de más notícias para a ecologia”. “Isso poderá servir para trabalhos em aula, ensejando comentários dos alunos e a reflexão que pode desaguar em urgente conversão ética”, explica.

Ética ambiental

Com esse trabalho ele pretende “convencer cada ser humano sensível a ser um zelador desse patrimônio que não construímos, mas que sabemos destruir com tanta voracidade”. Nalini defende que se convencermos as crianças de que elas não terão futuro se o ritmo da insanidade continuar, talvez elas representem uma alavanca para interromper o ciclo da deterioração.  “Cada cidadão pode se conscientizar de que, se é impossível compelir o Estado a fazer o bem ecológico, ao menos é possível impedi-lo de praticar o mal”, argumenta.

Em sua visão, a comunidade impregnada de ética poderá retomar sua voz, afinal ela é a única detentora do poder genuíno e soberano na Carta Republicana. E dessa forma, “coibir a política da terra, do ar e da água dizimada”, conclui.

Consumo consciente

Para o desembargador, na medida em que a comunidade se tornar mais esclarecida, “ela saberá distinguir o efetivo empenho ecológico e o marketing” praticado por empresas e governos. “Em defesa do consumidor ecológico, precisamos mostrar que o mundo pode ser mais digno, melhor e promissor”, afirma.

Ele argumenta sobre a urgência em alertar as pessoas de que o consumo nos padrões norte-americanos é inviável para o Planeta. Para Nalini, se algo pode ser legado à infância hoje – essa a nossa responsabilidade – é mostrar que a matéria não significa felicidade. “Poder comprar tudo o que se quer e se acostumar com a cultura do descartável não torna as pessoas menos angustiadas e mais satisfeitas com sua condição”, pondera.

“É preciso aumentar o cerco em torno às empresas que produzem resíduos perigosos e que descuidam da vida útil do seu produto. Não há país civilizado em que se encontre desmanches, carcaças abandonadas, geladeiras e fogões jogados ao rio”. Para ele, quem produz deve cuidar do destino final daquilo que se propõe a vender. “Chegaremos lá” indaga. “Apenas com ética ambiental consistente e séria”, aposta.  

Renato Nalini, além de desembargador e professor de direito constitucional, é membro da Academia Paulista de Letras e toma posse na Academia Paulista de Educação, no dia 24 de maio, às 18h30min, na Rua Tabapuã, 445 (Teatro CIEE / Espaço Cultural / São Paulo). Nesta oportunidade também será realizado o lançamento da terceira edição de seu livro “Ética Ambiental”.




2 Comentarios

  1. Susana Camargo Vieira, 14 anos atrás

    Conheço Renato Nalini há MUITOS anos. Apesar de termos a mesma idade, foi mais tarde meu professor, quando estudei direito – também há vários anos… E se existe alguém coerente, e que pratica o que prega, é ele. Ótima entrevista, vale comprar o livro e só não respondo diretamente a ele por haver perdido o email!

    Susana

  2. daniela nalini, 13 anos atrás

    ola gostaria de saber mais sobre renato nalini já que temos o mesmo sobre nome


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