Governadores do Nordeste admitem rever construção de usinas nucleares na região

em 23 March, 2011


O acidente nuclear ocorrido há duas semanas na Usina de Fukushima, no Japão, voltou a colocar em pauta, em todo o mundo, a segurança das usinas nucleares. E, no Brasil, alguns governadores do Nordeste decidiram reavaliar se região deve receber uma das quatro novas usinas que o governo federal pretende construir no país até 2030.

“Quem é que vai, em meio à atual discussão, [dizer] “eu quero agora uma usina nuclear para o meu estado”. Só se for idiota. E eu não sou idiota”, disse o governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), à Agência Brasil, nesta quarta-feira (23/03).  Martins fez questão de frisar que “não recuou” da disputa com outros estados nordestinos cotados para abrigar uma das usinas, mas deixou claro que o projeto a cargo do Ministério de Minas e Energia deve ser “repensado”.

“Agora, mudou tudo. O mundo inteiro está repensando os investimentos em energia nuclear, até então considerada segura e limpa. E o Piauí, assim como o Brasil como um todo, não vai deixar de repensar também”, afirmou o governador, alegando que a situação exige bom-senso.

O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), também já havia mencionado, em nota, a necessidade de o país rediscutir a expansão da matriz nuclear com segurança. “A pretensão do estado de Sergipe em disputar a instalação de uma usina no nosso território pressupõe garantias plenas de segurança das instalações. Sem essas garantias, não há como defender tais empreendimentos”, afirmou o governador, cuja preocupação recebeu o apoio inclusive do setor produtivo sergipano.

“Apoiamos a decisão de que a instalação de uma usina nuclear em Sergipe deve ser precedida por uma reavaliação dos sistemas de segurança atualmente em vigor”, manifestou o Fórum Empresarial de Sergipe em um documento redigido durante a reunião da última terça-feira (15/03). “Cabe-nos, porém, alertar que uma ação isolada de Sergipe não é eficaz, pois o risco para nossa população é semelhante se [uma usina for] instalada em regiões limítrofes, sendo assim sugerimos uma ação integrada com os demais estados nordestinos”.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), também tem repetido que a população pode ficar tranquila pois qualquer decisão quanto à instalação de novas usinas deve demorar ao menos quatro anos, tempo suficiente para que os aspectos de segurança sejam discutidos. A cidade pernambucana de Itacuruba, a 460 quilômetros da capital, Recife, foi apontada pela Eletronuclear como uma das melhores opções para a instalação de uma usina nuclear no Nordeste.

“Entendemos as preocupações de muitos quando ocorrem eventos como os do Japão. De fato, é preciso avançar ainda mais nos estudos sobre a segurança das plantas, inclusive em situações extremas, como o recente terremoto. No caso brasileiro, porém, temos que entender que nosso programa nuclear é muito maior que uma usina nuclear e não pode ser estigmatizado. Visa, por exemplo, a desenvolver aplicativos para a área médica, propiciando diagnósticos e tratamentos de muitos males, como o câncer. No tocante à geração de energia, é preciso ter em mente que não há qualquer decisão para a construção de novas usinas no Brasil. É só olhar nosso planejamento plurianual para ver que não há previsão orçamentária nem decisão política tomada pelo governo”, disse. Com informações da Agência Brasil.




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