Em 22 de abril é comemorado o Dia da Terra
Da Redação em 20 April, 2023
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Em 21 de dezembro de 2009, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) determinou que o Dia Internacional da Mãe Terra, mais conhecido como Dia da Terra, seria celebrado todo 22 de abril.
Nessa declaração, os países signatários expressaram preocupação com a degradação ambiental e os impactos negativos na natureza resultantes da atividade humana e convidaram “a fazer uso, conforme apropriado, do Dia Internacional da Mãe Terra para promover atividades e trocar opiniões e visões sobre condições, experiências e princípios para viver em harmonia com a natureza”.
No programa da ONU “Harmonia com a Natureza”, a Assembleia Geral reconhece que “o esgotamento dos recursos naturais do mundo e a rápida degradação ambiental são resultado de padrões insustentáveis de consumo e produção, que tiveram consequências adversas tanto para a Terra quanto para a saúde e o bem-estar geral da humanidade”.
Desde então, uma série de resoluções têm sido adotadas para considerar diferentes perspectivas para a construção de um novo paradigma não-antropocêntrico, “no qual a base fundamental para a ação certa e errada em relação ao meio ambiente não se restrinja apenas às preocupações humanas”.
Como surgiu a ideia do Dia da Terra
O ex-senador americano Gaylord A. Nelson, conhecido por sua defesa ambiental e ativismo em nome do planeta durante os anos 1960, foi o principal promotor da resolução 64/196 da ONU.
No livro Beyond Earth Day (Além do Dia da Terra em tradução livre), os autores Susan Campbell e Paul Wozniak descrevem Nelson como o fundador do movimento ambiental moderno e criador de uma das mais bem sucedidas e influentes campanhas de conscientização pública empreendidas em nome da administração global: o Dia da Terra.
No prefácio, o ativista ambiental Robert Francis Kennedy (sobrinho do ex-presidente americano assassinado John Kennedy) afirma que a liderança de Nelson levou 20 milhões de americanos (ou 10% de população do país) para as ruas, na maior manifestação da história dos Estados Unidos, em 22 de abril de 1970.
Kennedy lembra que os manifestantes “exigiram que líderes políticos devolvessem ao povo seus antigos direitos ambientais”. Foi, sem dúvida, um evento sem precedentes na história norte-americana.
“Naquela extraordinária demonstração de poder popular, republicanos e democratas trabalharam juntos e aprovaram 28 grandes leis durante os dez anos seguintes, a fim de proteger o ar, a água, as espécies ameaçadas, os pântanos e o abastecimento de alimentos”, acrescentou Kennedy.
Essas leis, o prefácio continua, tornaram-se modelo para mais de 150 outras nações, as quais tiveram suas próprias versões do Dia da Terra e começaram a investir também em infraestrutura ambiental.
O legado de Gaylord A. Nelson hoje
“O Dia da Terra é uma prova de uma nova e ampla preocupação nacional, que atravessa gerações e idealismos. Pode ser o símbolo de uma nova comunicação entre pessoas mais jovens e mais velhas no que se refere a nossos valores e prioridades”, anunciou Nelson em carta de 1971 a Frank Stanton, então presidente da CBS Media, respondendo sobre como surgiu a idéia do Dia da Terra.
Durante a cúpula virtual sobre a mudança climática de 2021, realizada em 22 e 23 de abril e organizada pelos Estados Unidos, o presidente americano Joe Biden lembrou o Dia da Terra e prestou homenagem a Nelson em seu discurso, que mais tarde foi reforçado por um comunicado à imprensa emitido pela Casa Branca.
“O Dia da Terra foi originalmente concebido e trazido à vida por um funcionário público dedicado: o falecido senador Gaylord Nelson, de Wisconsin”, disse Biden. “O senador Nelson também mudou o mundo ao criar um legado de proteção ambiental através do Dia da Terra e de todos os avanços que essa data gerou. E ele o fez não porque estava na moda, mas porque era a coisa certa a se fazer por nossos filhos e netos.”
A imagem conhecida como Blue Marble (bolinha de gude azul) foi tirada durante a missão Apolo 17, em 1972, apenas dois anos do que hoje é considerado o ‘primeiro’ Dia da Terra. A imagem do nosso planeta, aparentemente pequeno e vulnerável no meio da escuridão do espaço inspirou uma geração de ambientalistas. As informações foram extraídas do site National Geographic.
Como surgiu a Carta da Terra
Em 1987 a Comissão das ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento recomendou a redação de um documento inédito sobre o desenvolvimento sustentável com o objetivo de ajudar a construir no século 21 uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.
Mas foi somente em 1992, em um evento paralelo da cúpula da Terra Eco-92, realizada no Rio de Janeiro, que a primeira versão da Carta da Terra foi elaborada. Após uma ampla discussão da minuta inicial em todos os continentes por milhares de pessoas durante mais de oito anos, a Carta da Terra foi lançada no ano 2000 no Palácio da Paz em Haia, capital da Holanda.
Nos anos que se seguiram à publicação oficial da Carta foi realizada uma ampla campanha formal de endossos que atraiu milhares de adesões de organizações representando milhões de pessoas, inclusive inúmeras associações nacionais e internacionais como UNESCO e IUCN. Centenas de cidades promulgaram resoluções endossando a Carta da Terra por meio de um sistema on-line de endosso.
A iniciativa da Carta da Terra em ação
Em 2005 foi lançada a fase da Carta da Terra em Ação, em Amsterdam, na Holanda, com a presença do primeiro-ministro e da rainha da Holanda. Na ocasião foi lançado o livro “Carta da Terra em Ação”, com 62 artigos de especialistas de todo o mundo.
Durante o encontro, decidiu-se também criar um Conselho Internacional formado por especialistas de várias partes do mundo que, em conjunto com a Secretaria Geral da Carta da Terra, formariam a Iniciativa da Carta da Terra, um núcleo de catalisação e mobilização mundial da Carta da Terra junto a todos os povos do planeta, visando a efetiva realização da visão de um futuro melhor, sistemicamente sustentável, expressa no documento.
O Movimento Carta da Terra em Ação pressupõe a ação consciente, espontânea, natural e orgânica de milhões de pessoas no mundo todo. Milhões de pessoas que, usando a Carta da Terra como visão de um futuro melhor para todos, passam a agir, trabalhar e viver de modo a contribuir para a realização dessa visão. É a professora que muda o jeito de dar aulas em função da visão da Carta da Terra. É o presidente de empresa que passa a decidir de forma diferente depois de conhecer a Carta da Terra. É o artista que passa a criar suas obras em novo nível de consciência guiado pela Carta da Terra.
Assim sendo, não é um movimento a ser dirigido, controlado por estruturas hierárquicas e de forma centralizada. O Movimento é eminentemente descentralizado, biológico, não-mecânico e, portanto, dispensa estruturas grandes e custosas. O Movimento dispensa todo tipo de centralização e controle, seja nas várias regiões do planeta, em países específicos ou mesmo numa comunidade ou organização.
É por isso que não há um “representante oficial” da Carta da Terra em cada país. Há milhares. Não há um coordenador da Carta da Terra em uma dada região. Há milhares. Não é necessário fazer reuniões de coordenação. Os próprios princípios da Carta da Terra e os direcionadores divulgados pela Iniciativa é que asseguram uma coordenação natural de ações.
É dentro dessa filosofia que o Núcleo do Iniciativa funciona. A Secretaria Geral do Movimento Carta da Terra é um núcleo de poucas pessoas, que requer poucos recursos para sua sustentação. Seu papel é assegurar as melhores condições possíveis (principalmente na forma de orientações gerais, princípios e direcionadores) para que o Movimento evolua de forma espontânea e orgânica no mundo todo, na velocidade necessária.
A Diretora Executiva do Núcleo é a brasileira Mirian Vilela. A Secretaria Geral da Carta da Terra está sediada na Costa Rica, no campus da Universidade da Paz, instituição que faz parte do sistema da Organização das Nações Unidas. A Secretaria integra o Núcleo de Coordenação e o Conselho Internacional cujo papel é o de recomendar e orientar – na forma de diretrizes/princípios – o trabalho da Diretora Executiva e da Secretaria Geral do Movimento da Carta da Terra.
Conheça a Carta da Terra
O TEXTO DA CARTA DA TERRA
PREÂMBULO
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura de paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.
TERRA, NOSSO LAR
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.
A SITUAÇÃO GLOBAL
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.
DESAFIOS FUTUROS
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.
RESPONSABILIDADE UNIVERSAL
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.
Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.
PRINCÍPIOS
I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA
1. RESPEITAR A TERRA E A VIDA EM TODA SUA DIVERSIDADE.
a. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.
2. CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA COM COMPREENSÃO, COMPAIXÃO E AMOR.
a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
b. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a maior responsabilidade de promover o bem comum.
3. CONSTRUIR SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS QUE SEJAM JUSTAS, PARTICIPATIVAS, SUSTENTÁVEIS E PACÍFICAS.
a. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.
4. ASSEGURAR A GENEROSIDADE E A BELEZA DA TERRA PARA AS ATUAIS E ÀS FUTURAS GERAÇÕES.
a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.
b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apoiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
5. PROTEGER E RESTAURAR A INTEGRIDADE DOS SISTEMAS ECOLÓGICOS DA TERRA, COM ESPECIAL ATENÇÃO À DIVERSIDADE BIOLÓGICA E AOS PROCESSOS NATURAIS QUE SUSTENTAM A VIDA.
a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
b. Estabelecer e proteger reservas naturais e da bios-fera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
d. Controlar e erradicar organismos não nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses organismos prejudiciais.
e. Administrar o uso de recursos renováveis, como água, solo, produtos florestais e vida marinha, de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.
f. Administrar a extração e o uso de recursos não renováveis, como minerais e combustíveis fósseis, de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.
6. PREVENIR O DANO AO AMBIENTE COMO O MELHOR MÉTODO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E, QUANDO O CONHECIMENTO FOR LIMITADO, ASSUMIR UMA POSTURA DE PRECAUÇÃO.
a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não conclusivo.
b. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.
c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as consequências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.
d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.
7. ADOTAR PADRÕES DE PRODUÇÃO, CONSUMO E REPRODUÇÃO QUE PROTEJAM AS CAPACIDADES REGENERATIVAS DA TERRA, OS DIREITOS HUMANOS E O BEM-ESTAR COMUNITÁRIO.
a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.
c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência equitativa de tecnologias ambientais seguras.
d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.
e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.
f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.
8. AVANÇAR O ESTUDO DA SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA E PROMOVER O INTERCÂMBIO ABERTO E APLICAÇÃO AMPLA DO CONHECIMENTO ADQUIRIDO.
a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
9. ERRADICAR A POBREZA COMO UM IMPERATIVO ÉTICO, SOCIAL E AMBIENTAL.
a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.
b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.
10. GARANTIR QUE AS ATIVIDADES E INSTITUIÇÕES ECONÔMICAS EM TODOS OS NÍVEIS PROMOVAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO DE FORMA EQUITATIVA E SUSTENTÁVEL.
a. Promover a distribuição equitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
c. Assegurar que todas as transações comerciais apoiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas consequências de suas atividades.
11. AFIRMAR A IGUALDADE E A EQUIDADE DOS GÊNEROS COMO PRÉ-REQUISITOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSEGURAR O ACESSO UNIVERSAL À EDUCAÇÃO, ASSISTÊNCIA DE SAÚDE E ÀS OPORTUNIDADES ECONÔMICAS.
a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da família.
12. DEFENDER, SEM DISCRIMINAÇÃO, OS DIREITOS DE TODAS AS PESSOAS A UM AMBIENTE NATURAL E SOCIAL CAPAZ DE ASSEGURAR A DIGNIDADE HUMANA, A SAÚDE CORPORAL E O BEM-ESTAR ESPIRITUAL, COM ESPECIAL ATENÇÃO AOS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS E MINORIAS.
a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.
c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.
IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ
13. FORTALECER AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS EM TODOS OS NÍVEIS E PROVER TRANSPARÊNCIA E RESPONSABILIZAÇÃO NO EXERCÍCIO DO GOVERNO, PARTICIPAÇÃO INCLUSIVA NA TOMADA DE DECISÕES E ACESSO À JUSTIÇA.
a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões.
c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.
d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.
14. INTEGRAR, NA EDUCAÇÃO FORMAL E NA APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA, OS CONHECIMENTOS, VALORES E HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA UM MODO DE VIDA SUSTENTÁVEL.
a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
b. Promover a contribuição das Artes e Humanidades, assim como das Ciências, na educação para sustentabilidade.
c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.
15. TRATAR TODOS OS SERES VIVOS COM RESPEITO E CONSIDERAÇÃO.
a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.
b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.
16. PROMOVER UMA CULTURA DE TOLERÂNCIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ.
a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.
e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.
f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.
O CAMINHO ADIANTE
Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.
Isso requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa.A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.
Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra como um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.
Extraído dos sites National Geographic e Carta da Terra Brasil.