Secretário-geral da ONU lamenta a falta de consenso da COP 25
Da Redação em 16 December, 2019
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Finalizadas, neste domingo (15/12), as negociações da COP 25 encerraram um evento que viu muito progresso feito pelo setor privado e pelos governos nacionais, regionais e locais. No entanto, a conferência terminou sem um consenso geral sobre as ambições climáticas, gerando um sentimento de desapontamento nos participantes.
Desapontado com os resultados da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 25), o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a comunidade internacional perdeu uma importante oportunidade de mostrar maior ambição em atenuar, adaptar e buscar financiamento no enfrentamento da crise climática.
Em sua conta oficial no Twitter, a liderança da ONU expressou seus sentimentos se recusando a ver a Conferência realizada em Madri como uma derrota: “Estou mais determinado do que nunca a trabalhar para que 2020 seja um ano em que todos os países se comprometam a fazer o que a ciência nos diz ser necessário para atingir um mundo carbono neutro em 2050 e limitar o aumento da temperatura em até 1,5 graus”.
Os participantes chegaram a um acordo sobre algumas questões importantes, como capacitação, um programa de gênero e tecnologia na última sexta-feira (13), data prevista para o encerramento da conferência. Contudo, uma negociação geral foi suspensa devido a divergências quanto aos aspectos mais amplos e questões controversas que lidam com perdas e danos causados pelas mudanças climáticas provocadas pelo homem, bem como financiamento para adaptação.
Exauridos, os participantes trabalharam até sexta-feira à noite, a pedido da presidência chilena da COP, mas foi uma versão preliminar do texto divulgado na manhã de sábado (14) desapontou todas as partes envolvidas nas negociações, com representantes de ONGs e da sociedade civil descrevendo o documento como inaceitável e uma traição aos compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas.
Uma coletiva de imprensa foi realizada no sábado à tarde, quando os organizadores da COP explicaram que os negociadores ainda estavam trabalhando duro com o objetivo de “mostrar ao mundo que o multilateralismo funciona”. À noite, ainda sem sinal de acordo, a aclamada ativista de 16 anos e uma das palestrantes de destaque na Cúpula de Ação Climática realizada na sede da ONU em setembro, Greta Thunberg, se pronunciou no Twitter: “Parece que a COP 25 em Madri está desmoronando agora. A ciência é clara, mas está sendo ignorada”.
Apesar da decepção com o conteúdo do documento final, vários anúncios foram feitos para indicar progresso durante a Conferência de duas semanas. A União Europeia, por exemplo, se comprometeu em neutralizar as emissões de carbono até 2050 e 73 países anunciaram que irão apresentar um plano de ação climática aprimorado ou contribuições nacionalmente determinadas (NDCs). Uma mobilização ambiciosa por uma economia mais limpa também ficou evidente em nível regional e local, com 14 regiões, 398 cidades, 786 empresas e 16 investidores trabalhando para alcançar zero de emissões de carbono até 2050.
As discussões realizadas durante a COP 25 ampliaram o entendimento da ciência por trás da crise climática e a necessidade crítica de urgência. Em conjunto com o setor privado, o Pacto Global da ONU anunciou que 177 empresas concordaram em estabelecer metas climáticas com abordagens científicas alinhadas para limitar o aumento da temperatura global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e atingir o zero de emissões até 2050. Isso é o dobro do número de empresas que se comprometeram na Cúpula de Ação Climática, o que representa emissões do setor privado equivalentes ao total anual de emissões de CO2 da França.
Gaitas de fole escocesas foram ouvidas em Madri na sexta-feira, sinalizando a Conferência Climática do próximo ano, que será realizada em dezembro de 2020, em Glasgow, na Escócia. A COP 26 vem sendo anunciada como um marco importante na luta contra as mudanças climáticas, já que é esperado dos países participantes uma apresentação de planos nacionais de clima atualizados que vão além dos compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris de 2015. Com informações da Agência Onu-Brasil.