Novo estudo revela microplásticos na maioria das garrafas de água

em 24 March, 2018


plastico

O termômetro ultrapassa acelerado a marca dos 30 graus quase todos os dias na praia de Copacabana, famosa no Brasil e no mundo. Marcio Silva é um vendedor com incontáveis quilômetros de experiência no calçadão. Ele vende água – meio litro de alívio em jeitosas garrafinhas de plástico. Com sua inseparável caixa de isopor, Marcio é um seguro contra a desidratação, tanto para os cariocas que adoram o sol quanto para os turistas de pele bronzeada. 

“Eu bebo água porque água é vida, água é saúde, água é tudo”, diz Marcio, 51 anos. “Eu mesmo bebo e também vendo pros outros”. E completa “eu não venderia uma coisa que faz mal para as pessoas”.

A água da garrafa parece límpida, limpa, incorrupta. O plástico também. Para muitos, é uma opção prática. Para outros, uma proteção contra as impurezas da água da torneira.

O produto vendido por Marcio é comercializado como se fosse a essência da pureza. Avaliado em 147 bilhões de dólares por ano, trata-se do mercado de bebidas que cresce mais rápido no mundo.

Verdade microscópica

Mas uma nova pesquisa da Orb Media, organização jornalística sem fins lucrativos sediada em Washington, mostra que uma única garrafa d’água pode conter dezenas ou talvez até milhares de partículas microscópicas de plástico.

Vários testes em mais de 250 garrafas de 11 marcas líderes de mercado revelaram contaminação por plásticos variados inclusive polipropileno, náilon e tereftalato de polietileno (PET).

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Quando questionados por repórteres, representantes de duas marcas populares confirmaram que seus produtos contêm microplástico, mas que o estudo da OrbMedia exagera significativamente a quantidade.

No caso das partículas na faixa dos 100 microns, ou 0,10 milímetros, a Universidade Estadual de Nova York conduziu testes para a Orb que revelaram uma média global de 10,4 partículas por litro. Essas partículas foram confirmadas como sendo matéria plástica usando um microscópio infravermelho de padrão industrial.

Os testes mostraram também uma quantidade muito maior de partículas de dimensões menores ainda e que provavelmente também são plástico, segundo os pesquisadores. A média global para essas partículas foi de 314.6 por litro.

“É desalentador; quer dizer, é uma coisa triste,” diz Peggy Apter, uma americana que investe em imóveis em Carmel, Indiana, e só bebe água em garrafa. “Como chegamos a esse ponto no mundo? Porque não podemos ter uma água limpa e pura para beber?”

 O plástico dentro de nós

Pois é, a garrafinha de água que você colocou na lancheira do seu filho pode estar cheia de microplástico.

Está na hora de se preocupar? Marcio Silva, o vendedor de água de Copacabana, deveria ficar alarmado? A resposta curta é que os cientistas realmente não sabem ainda.

Segundo pesquisas científicas recentes, as partículas de plástico que você consome em alimentos ou bebidas podem interagir com seu corpo de várias maneiras diferentes.

Cerca de 90% das partículas microplásticas consumidas podem passar pelo intestino sem causar algum efeito, de acordo com um estudo de 2016 sobre plásticos nos frutos do mar realizado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos.

E os 10% restantes?

Algumas partículas podem se prender à parede intestinal. Outras podem ser absorvidas pelo tecido intestinal e percorrer o sistema linfático do organismo. Partículas de cerca de 110 mícrons (0.11 milímetros) de tamanho podem passar pela veia porta hepática do corpo, que transporta sangue do intestino, vesícula biliar, pâncreas e baço para o fígado.

Segundo um relatório de 2016 da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, resíduos menores, em torno de 20 mícrons (0,02 milímetros), podem entrar na corrente sanguínea antes de se alojarem nos rins e no fígado.

Noventa por cento das partículas de plástico que encontramos no nosso teste de água engarrafada tinham entre 100 e 6,5 mícrons – pequenas o suficiente, de acordo com pesquisadores, para que algumas atravessem o seu intestino.

Mas poucas pesquisas foram feitas sobre a frequência com que isso pode ocorrer ou o impacto na saúde que pode representar: uma lacuna de conhecimento que alguns pesquisadores dizem ser, por si só, motivo de preocupação.

(Extraído do site OrbMedia)




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