Brasil é visto negativamente em ranking do clima

em 5 December, 2012


O desmatamento na Amazônia e a política ambiental brasileira levaram o país a cair da 7ª para a 33ª posição no Índice de Proteção do Clima, publicado pela ONG alemã Germanwatch, em parceria com a rede de entidades ambientalistas Clima Action Network Europe. O índice foi divulgado nesta segunda-feira (03/12) durante a Conferência do Clima no Catar.

A listagem, realizada anualmente, avalia os esforços dos 57 maiores emissores de gases do efeito estufa contra as mudanças climáticas. Os dados consideram o período de 2005 a 2010, para os quais há estatísticas disponíveis de todos os países do estudo. O ano de 2011, em que o Brasil registrou o menor índice de desmatamento da história, não foi incluído.

Entre os líderes estão Dinamarca, Suécia e Portugal. Essas nações ocupam, respectivamente, as posições quatro, cinco e seis do ranking. Os três primeiros lugares ficaram vazios, como nos anos anteriores, pelo fato de os autores considerarem que nenhum país tem feito o suficiente para limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius.

Portugal ficou em uma boa posição sobretudo por causa da crise econômica, que levou à queda na produção industrial. Mas não só: diferente de outros países em crise, Portugal manteve as políticas ambientais.

Nova metodologia

Um importante motivo para a queda da posição brasileira foi a mudança na metodologia do estudo, que considera pela primeira vez as emissões provocadas pelo desmatamento florestal. “O Brasil é de longe a principal fonte de tais emissões. Com quase 5 toneladas de CO2 per capita, as emissões do Brasil originadas do desmatamento são mais que o dobro de suas emissões per capita produzidas por combustíveis fósseis”, frisa o texto.

Mas a avaliação negativa da política nacional para meio ambiente e do desflorestamento praticado durante o período analisado também contribuíram para a piora no desempenho brasileiro. Segundo o documento, a queda brasileira no ranking também seria “dramática” se o índice já tivesse considerado as emissões devidas ao desmatamento em sua versão anterior. Mesmo nesta hipótese, o Brasil teria perdido 19 posições, caindo não do 7°, mas do 14° para o 33° lugar.

“Particularmente dramática é a queda devido à política nacional”, ressalta o estudo. Considerada relativamente boa na edição anterior, ela foi avaliada de forma pessimista desta vez. “Especialistas criticaram, por exemplo, que dois terços de todos os investimentos planejados no setor de elétrico entre 2011 e 2020 se baseiam na extração de petróleo e em grandes e insustentáveis projetos hidrelétricos”, destaca o documento. Considerando-se isoladamente o quesito “política climática nacional”, o Brasil caiu do 11° melhor desempenho no ano passado para a posição de número 50.

“Outro tema importante é a discussão do Código Florestal, a qual deveria apoiar e proteger a biodiversidade e a contribuição das florestas como ecossistema, mas, de acordo com nossos especialistas, o projeto do código foi substancialmente enfraquecido no processo legislativo e finalmente vetado pela presidente Dilma Roussef”, diz trecho do estudo.

Um ponto positivo ressaltado pela pesquisa são os desenvolvimentos na área de energias renováveis. O índice destaca que o Brasil apresenta projetos promissores na área de energia de baixa emissão de carbono e energias renováveis.

Mais empenho

“O Brasil está entre os países que mais caíram de posições no ranking”, comentou Jan Burck, da Germanwatch e um dos autores do estudo, em entrevista à DW Brasil. “Sobretudo por causa das grandes quantidades de floresta desmatadas nos últimos anos” completou. “Entre as grandes economias, o Brasil é tem uma das maiores emissões per capita. O país ainda tem que se empenhar mais para combater o problema e tentar parar o desmatamento”, alertou.

A Alemanha caiu da 6ª para a 8ª posição. Os especialistas em clima temem que a transição energética promovida pelo governo alemão e o desenvolvimento de energias renováveis sejam paralisados. “Particularmente no domínio da eficiência energética, a Alemanha tem ainda muito potencial para progredir”, disse Jan Burck. Os últimos lugares da lista são ocupados por Arábia Saudita, Irã e Cazaquistão. Com informações da DW.




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