Mobilidade urbana, é preciso repensar a cultura de cuidado com o deficiente visual
Da Redação em 25 February, 2020
Tuite
Um estudo divulgado recentemente pela Mobilize Brasil, organização cujo objetivo geral é contribuir com a melhoria da mobilidade urbana e da qualidade de vida nas cidades brasileiras, mostra o retrato das calçadas brasileiras.
O levantamento aponta que as condições do espaço público e sua consequente organização, não apenas contribuem esteticamente com as cidades, mas trata-se de políticas de transporte urbano que devem facilitar o acesso das pessoas a oportunidades de emprego, serviços de saúde e educação, atividades culturais e de lazer.
O trabalho enfoca que há desigualdade de acesso a oportunidades nos maiores centros urbanos do país. Foram avaliadas as condições das calçadas, sinalização geral para pedestres, o conforto e a segurança nas proximidades de edificações públicas.
Em um contexto geral, quem precisa caminhar nas capitais do país passa por grandes desafios, já que a condição das calçadas e a baixa qualidade da sinalização, que em alguns pontos nem existem, prejudicam a locomoção dos pedestres.
O desafio é ainda maior para pessoas com necessidades especiais e deficientes visuais. Para o engenheiro civil e palestrante Gabriel Metzler, cego após um acidente com fogos de artifício, faz-se necessário levar a sério a Lei Brasileira de Inclusão, bem como o estatuto da pessoa com deficiência.
“Os espaços públicos, em geral, não oferecem uma boa estrutura para a movimentação de quem tem deficiência visual. Os desafios também se dão em caso de espaços como escolas e hospitais. Alguns, embora ofereçam rampas, possuem pouca ou nenhuma orientação para quem precisa, como os pisos táteis, que são as faixas em alto relevo”, explica Metzler.
Ele, que viaja o país para conscientizar as pessoas sobre os perigos da má utilização dos fogos de artifício, também desenvolve um trabalho de incentivo à inclusão das pessoas com algum tipo de deficiência visual.
“As pessoas muitas vezes, não auxiliam o cego por não saberem como ajudar, até mesmo com coisas simples, como atravessar a rua. O deficiente visual é uma pessoa como qualquer outra, só não enxerga”, explica.
Com leveza e bom humor, Gabriel incentiva pessoas e empresas a repensarem sua relação com a deficiência visual. Por isso, alerta que a qualidade da boa sinalização também deve estar inserida na preocupação com esse perfil de público.
“Não somente àqueles que são cegos, mas também pessoas com outras deficiências, idosos, crianças e mães com carrinhos de bebê. O importante é que todos se unam a causa de cuidado com a mobilidade urbana”, explica. Com informações da assessoria.