Projeto Reflora resgata patrimônio botânico brasileiro
Da Redação em 1 November, 2011
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O Jardim Botânico do Rio de Janeiro mantém, atualmente, um herbário com mais de 500 mil amostras de plantas, recolhidas por pesquisadores desde o século XIX. Porém, uma boa parte de espécies da flora brasileira foi descrita por pesquisadores estrangeiros, que levaram as amostras para os herbários de seus países de origem.
Numa parceria com a empresa de cosméticos Natura e o CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – parte desse material será trazido de volta ao Brasil em formato digital. A iniciativa faz parte do projeto Plantas do Brasil: Resgate Histórico e Herbário Virtual para a Conservação da Flora Brasileira – REFLORA.
Com o repatriamento, que envolve instituições no Brasil e no exterior, estima-se que podem ser obtidas 500 mil amostras digitais, em três anos. Na parceria com a Natura, as amostras repatriadas pertencem à coleção do Royal Botanic Gardens de Kew, na Inglaterra, e foram recolhidas nos séculos XVIII, XIX e XX, por importantes pesquisadores botânicos, como Spruce, Gardner, Sellow, Glaziou, Pringle, Riedel, Lehmann, Pohl, Ducke, Bang, Ule, Tweedie, Burchell, Blanchet, Wright, Schomburgk, Jameson, entre outros. O projeto REFLORA, que conta também com recursos federais, da Faperj e da Fapemig, ainda prevê o repatriamento de material que está no Museu Nacional de História Natural de Paris.
Este resgate, esperado há tempos pela comunidade científica, servirá de alicerce para obtenção do conhecimento, uso sustentável e conservação da flora brasileira. Os estudos dessas plantas são fundamentais para futuros avanços científicos e tecnológicos para a ciência botânica no país.
Dentre os espécimes a serem digitalizados, os que foram recolhidos antes de 1900 têm especial importância histórica, pois documentam a exploração botânica no Brasil. De acordo com o CNPq, o Reflora “terá grande impacto na pesquisa botânica nacional, na formação de recursos humanos em taxonomia e facilitará a cooperação internacional entre pesquisadores e estudantes brasileiros e os mais destacados museus e coleções botânicas do mundo”, devendo incluir, no futuro, outros herbários da Europa e dos Estados Unidos.
A pesquisadora Rafaela Campostrini Forzza, coordenadora do projeto no Jardim Botânico do Rio, explica que o Reflora também deve possibilitar ao Herbário do JBRJ concluir a digitação dos dados do acervo próprio da instituição e ampliar o número de imagens disponíveis para o público. Da atual coleção do JBRJ, 80% do material já foi informatizado e encontra-se disponível no site. Além disso, aproximadamente 19 mil dessas amostras – chamadas tecnicamente de exsicatas – já foram digitalizadas e as imagens estão disponíveis no mesmo endereço. Com informações da assessoria.