Estudo indica a diminuição de aves no interior paulista
Da Redação em 26 June, 2011
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Uma pesquisa de mestrado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação (PPGDBC) do campus Sorocaba da UFSCar, aponta para um provável desaparecimento de aves em regiões onde as plantações ocuparam o habitat natural das espécies.
O estudo “Utilização de Sistemas Agrícolas (Tangerinas, Citrus Reticulata) por aves na região de Pilar do Sul, São Paulo” foi desenvolvido por Marcelo Gonçalves Campolim, sob orientação do professor do campus Sorocaba Augusto Piratelli. O objetivo da pesquisa foi verificar se as aves da região avaliada poderiam usar as plantações como acréscimo de seus habitats naturais, ou mesmo substituí-los.
A pesquisa é pioneira no Brasil, pois pela primeira vez um estudo procurou demonstrar como as plantações de tangerina favorecem, ou não, a avifauna da região.
Augusto Piratelli disse ao Observatório Eco que há um consenso dos estudiosos, fruto de pesquisas realizadas no mundo todo de que “muitas espécies não conseguem sobreviver em áreas antropizadas”. “Para algumas espécies de aves florestais, uma simples estrada vicinal é uma barreira intransponível”, alerta.
Dessa forma, o estudo revela os desdobramentos deste cenário atual de desmatamento que pode piorar caso a legislação ambiental seja alterada nos moldes propostos pelas mudanças do código florestal, esclarece Piratelli.
A ideia do estudo surgiu enquanto Piratelii viajava pelo interior do estado de São Paulo e constatou que a maior parte da paisagem era composta por plantações e pastagens. “A mata nativa quase não existe mais, e com isso, muitas espécies desapareceram ou estão ameaçadas”, lamenta o orientador.
O estudo aponta, que, das 122 espécies amostradas, 60 foram detectadas nas plantações e nos fragmentos florestais (áreas com vegetação nativa), e as demais somente nesses fragmentos.”Concluímos que a mata nativa é de suma importância para pelo menos metade das espécies da região, enquanto para a outra metade, as plantações podem ser utilizadas para deslocamentos, alimentação ou reprodução”, esclarece Piratelli.
Assim a pesquisa chama atenção para o novo Código Florestal, que prevê a redução de algumas áreas, que hoje são legalmente protegidas, como matas ciliares e topos de morros, para serem utilizadas para a Agropecuária. “Ficamos receosos que as mudanças nas áreas protegidas previstas no novo Código Florestal possam ser terríveis para as aves (e outros animais), que vão perder ambientes naturais. E aquelas que não conseguem sobreviver nas plantações tendem a se tornar raras ou até mesmo desaparecer”, prevê o professor. O pesquisador Marcelo Gonçalves Campolim salienta que o Brasil ainda é carente de estudos que visam monitorar a fauna de aves em ambientes agrícolas.
Telma A Silveira, 13 anos atrás
Já era de se esperar…