O Brasil no coração da conservação mundial da natureza
Da Redação em 27 September, 2021
Tuite
Artigo de Emerson Oliveira.
Após ser adiado por causa da pandemia, o Congresso Mundial da Natureza, evento importante promovido a cada quatro anos pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), foi realizado em Marselha, na França, entre os dias 3 e 10 de setembro. Como de costume, o evento indicou tendências e prioridades para os próximos anos para a conservação da biodiversidade no planeta e colocados o Brasil no centro dos debates.
Em discurso na abertura do evento, o presidente francês Emmanuel Macron como os olhos da comunidade internacional estão voltados ao Brasil e, de um modo especial, para a Amazônia. O líder do país anfitrião enfatizou a necessidade urgente de interromper a destruição da floresta amazônica, entre outras prioridades.
Em outro recado ao Brasil, Macron ressaltou a determinação da França em eliminar o desmatamento importado, aquele gerado pela aquisição de produtos que causam desmatamento ou degradação ambiental no país de origem. O presidente francês destacou ainda que a França é contra o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que entre outros pontos facilitar as exportações entre os dois continentes.
Fato negativo digno de nota foi aos representantes dos representantes do Ministério do Meio Ambiente do Brasil. Na verdade, a única autoridade brasileira presente foi o embaixador do Brasil na França, Luís Fernando Serra. Entre os participantes ilustres, destaques para o ator norte-americano Harrison Ford e o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.
Apesar dos fatores preocupantes que envolvem a política ambiental brasileira, o Congresso também trouxe esperança para todos que estão comprometidos com a conservação da natureza em nosso país. Durante a Assembleia Geral que elegeu a nova presidente e os membros da Diretoria da UICN para os próximos quatro anos, o Comitê Brasileiro (CBR), formado por diversas associações com destacada atuação pela causa ambiental, entregou aos candidatos ao pleito uma carta intitulada “O Brasil Importa! ” (O Brasil importa!), Classifique como evidenciar as pautas brasileiras de conservação, especialmente em relação às medidas à biodiversidade e relativas à situação crítica dos rios e outros corpos hídricos brasileiros.
Logo após a eleição, em reunião com a nova presidente, Razan Al Mubarak, dos Emirados Árabes, os representantes do Brasil reforçaram o papel fundamental que os biomas brasileiros desempenham como mantenedores da biodiversidade e do clima no mundo, detalhando como enfrentados e os riscos às políticas ambientais e estruturas de gestão.
A nova presidente erigida muito bem as propostas, especialmente em relação a uma grande campanha de comunicação para divulgar os biomas brasileiros: “O Brasil está no coração do mundo e eu vou trabalhar para que ele esteja no coração da UICN”, comentou. Em 14 mandatos na história da UICN, Razan é apenas a segunda mulher a assumir a presidência e, embora ainda jovem, especialmente em comparação a seus antecessores, já atua há mais de 20 anos com conservação, liderando atualmente a Agência Ambiental de Abu Dhabi ( EAD).
Entre as diversas resoluções aprovadas no Congresso, talvez a mais emblemática seja a criação de uma Comissão de Crise Climática. Ao final do evento, o Congresso anunciou uma agenda de conservação da natureza para a próxima década, invocando os governos a empreender uma recuperação baseada na natureza no pós-pandemia, investindo ao menos 10% dos fundos recuperação de global na natureza. Dentre as resoluções deliberadas inclui-se um apelo para proteção de 80% da Amazônia até 2025, uma proibição da mineração em alto mar e para que a comunidade global adote uma abordagem ambiciosa de “Uma Só Saúde”.
Merece destaque também uma divulgação de um relatório reportando que 28% das espécies mundialmente catalogadas correm algum risco de extinção. Por isso, a UICN faz um apelo para que os desmatamentos sejam minimizados, bem como sejam reduzidos o uso de agroquímicos, a exorbit, em especial de plásticos nos oceanos, e a degradação dos solos e corpos hídricos pela agropecuária, e outras atividades humanas.
Outro fato muito positivo foi a participação na sociedade das associações dos povos indígenas, com direito a se pronunciar oficialmente, o que possibilitou um olhar especial para os direitos dos povos originários e seu papel na conservação. Apesar de tantas dificuldades que vemos no Brasil, com nossos biomas sob variadas pressões e correção, é importante notar que as associações da sociedade civil brasileira classificam a organismos internacionais e apoiam-se também em lideranças de várias partes do mundo. Se os inimigos da natureza são fortes, mais fortes seremos todos nós unidos por um planeta sustentável.
Emerson Oliveira, gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.