22 favelas em São Paulo
Da Redação em 8 April, 2012
Tuite
Artigo de José Renato Nalini.
A cidade de São Paulo tem ao menos 22 favelas situadas em bairros nobres. Escondidas em ruas estreitas, persistem ante a falta de projetos municipais de reurbanização. Algumas surgiram há mais de 60 anos. São mais de 1,6 mil imóveis, com pelo menos 6 mil moradores.
Elas estão em Vila Mariana, Campo Belo, Itaim-Bibi, Aclimação, Brooklin e Vila Madalena. O projeto da Prefeitura da capital prevê a remoção dessas pessoas até o ano 2024.
Na Favela Mauro, no Planalto Paulista, compra-se droga a qualquer momento. É o que assegura a jornalista Adriana Ferraz, do Estadão, autora de uma reportagem a respeito. Foi lá que, há 9 anos, o estudante Gustavo Pereira, 22 anos, comprou a cocaína que consumiu antes de matar a avó e a empregada a facadas.
Na Vila Olímpia, um barraco tem aluguel de 500 reais. É a Favela Funchal, que existe há mais de 50 anos. A remoção das pessoas não está nas prioridades, porque estas se reservam para os ocupantes de áreas de risco. A regularização fundiária é o caminho para fazer com que as pessoas tenham moradia digna e se devolvam as áreas deterioradas para a reurbanização.
O Parlamento editou leis que facilitam essa regularização, dependente de um conjunto de esforços do Poder Público, dos registradores de imóveis, da advocacia, dos assistentes sociais, dos juízes e dos promotores, principalmente. Enquanto isso, a capital bandeirante é também o nicho do luxo mais dispendioso do país.
O relatório “Luxo, Demografia e Estilo de Vida no Brasil”, da consultoria norte-americana Bain & Company, indica a presença de muitos milionários em São Paulo. Cinquenta brasileiros sozinhos controlam 305 bilhões de euros, o que equivale ao PIB da Dinamarca. Cinco mil têm patrimônio individual de mais de 30 milhões de dólares, 150 mil têm patrimônio de ao menos 1 milhão de dólares. São empresários, executivos ou médicos e têm entre 30 e 45 anos.
Se os mais ricos quisessem, não haveria favelas, nem cortiços, nem moradores de rua numa cidade complexa, paradoxal e cosmopolita como São Paulo. Mas isso é sonho de uma noite mal dormida de verão.
José Renato Nalini é Corregedor Geral da Justiça do Estado de São Paulo, biênio 2012/2013.
(As opiniões dos artigos publicados no site Observatório Eco são de responsabilidade de seus autores.)