Aquecimento global é sério!

em 15 November, 2011


Artigo de José Renato Nalini.

O Clima é a primeira das preocupações do atual Secretário-Geral da ONU, Ban-ki Moon. Isso porque o aquecimento global é muito mais grave do que poderia parecer. A revista Scientific American publicou estudo que evidencia como são subestimados os danos sociais decorrentes da emissão de dióxido de carbono. Já se mencionou a cifra de 21 dólares por galão de 3,8 litros de derivados de petróleo. O prejuízo por essa emissão chega a 900 dólares, ou seja: 45 vezes mais.

O Brasil, como sempre, é pródigo nas propostas. Foi criado um Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden. Nele, 75 cientistas poderão alertar 25 cidades com 12 horas de antecedência sobre inundações. Com 2 a 6 horas de antecedência, prevenir quanto a deslizamentos de morros e encostas. Só em São Paulo, de acordo com o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 115 mil pessoas vivem nessas áreas de risco.

Os eventos ligados ao aquecimento global causaram 2 mil mortes em um ano. Por isso é que é urgente passar do discurso para uma prática séria. Infelizmente, o governo acena reduzir o IPI de veículos menos poluentes. Mas em 2009 deu R$ 1,75 bilhão em reduções do mesmo imposto para estimular a venda de qualquer tipo de carro. E já permitiu que o crédito chegasse a 72 meses para que cada um tenha o seu carrinho! Enquanto isso, a seguradora Munich Re apurou que em 950 catástrofes ocorridas em 2010, foram pagos 37 bilhões de dólares de indenização!

Os ouvidos continuam surdos e não ouvem o que aconteceu na Austrália, com secas e inundações inéditas. No Paquistão, 20 milhões de desabrigados pelas cheias. O calor insólito matou milhares na Rússia e na China, 630 mil pessoas ficaram sem água potável em cinco províncias do Rio Yant-tsé. Aqui no Brasil, ninguém se lembra da tragédia do Rio, ocorrida neste verão? Só para comparar, o Japão já reconstruiu as cidades atingidas pelo tsunami. Aqui, suspeita-se de desvio das verbas disponibilizadas para minorar a catástrofe. A velha corrupção mostrando que não é a natureza que se deteriora. Mais nefasta é a podridão da mente humana.

José Renato Nalini, desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo.

(As opiniões dos artigos publicados no site Observatório Eco são de responsabilidade de seus autores.)




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